Dois jovens de 21 anos dominaram o traçado técnico e exigente de Nove Mesto. A francesa Loana Lecomte, garantiu a sua segunda vitória na Copa do Mundo, mais uma com seu estilo de atacar desde a largada e impondo seu ritmo particular. Na prova masculina, Thomas Pidcock deu um claro sinal de força, desafiou Mathieu Van Der Poel o único a resistir ao seu ritmo por um breve tempo, e depois abriu uma lacuna de 1 minuto sobre o holandês assegurando uma vitória incontestável
Com tempo seco, mas com o circuito ainda marcado pelas chuvas que caíram durante a semana, as mulheres abriram as disputas das provas de cross coutry olímpico – XCO da categoria Elite afrontando um traçado que ainda estava bastante encharcado, com alguns trechos de lama e uma subida técnica e extremamente escorregadia que obrigou a muita competidora a descer da bicicleta e empurrar, esse cenário provocou quedas, alguns problemas mecânicos, alguns trechos mas nem assim Loana Lecomte teve dificuldades para fazer sua corrida.
Na largada a britânica Annie Last e a austríaca Laura Stigger tentaram tomar a dianteira porém Loana Lecomte não cedeu terreno, e logo no primeiro trecho de subida já aparecia na ponta forçando o ritmo.
Lecomte tomou a ponta e era perseguida por Haley Batten, Kate Courtney e sua compatriota, a campeã mundial Pauline Ferrand-Prevot que largou na 4ª fila, na 25ª posição, após o acidente que sofreu no XCC de sexta-feira que a mandou ao hospital e a deixou por algumas horas em sob observação, mas que no domingo mostrou recuperação e em pouco tempo rodava perseguindo as ponteiras.
Além de tentar seguir o ritmo de Lecomte, Batten e Courtney também disputavam a vaga para a participação nos jogos olímpicos, porém na segunda volta Courtney sofreu uma queda que provocou a quebra da manete de freio, sendo obrigada a parar na área técnica para o conserto, o tempo perdido a afastou completamente da disputa.
Na terceira volta a vantagem de Loana era de 47 segundos para Rebecca McConell e de 53 s para Haley Batten. A francesa, a exemplo do que fez em Albstadt fez uma corrida solo, tornando a prova em um desafio de superação pessoal, sem olhar para trás ou se preocupar com as adversárias.
Com a vitória praticamente garantida ao abrir a última volta, Loana não tinha ideia que atrás dela Batten e McConell disputavam a segunda posição, mas a estadunidense conseguiu despachar a australiana abrindo uma vantagem que oscilava nos 10s. Um pouco mais atrás Ferrand-Prevot lutava para chegar em McConnell, porém acusou o cansaço, na segunda volta quando estava no grupo dianteiro, indo à caça de Batten, teve seu pneu traseiro furado, sendo obrigada a trocar a roda e perseguir o grupo para se recolocar na disputa.
Entre as brasileiras, Raiza Goulão foi a que conseguiu o melhor desempenho, completando a prova na 62ª posição, isto após ter enfrentado problemas na largada e ter ficado muito para trás tendo que fazer uma prova de recuperação, negociando posições no pelotão que se formou do meio para trás. Jaqueline Mourão, segundo informaram os locutores da RedBull TV Luciano K’Dera Lancelotti e Vivi Favery estava disputando sua última prova da Copa do Mundo, e mais uma vez sinalizando com sua aposentadoria no mountain bike, ficando no corte de tempo na 88ª a duas voltas da vencedora.
Lecomte mantém liderança da Copa do Mundo com 670 pontos, seguida por Haley Batten com 525 e por Pauline Ferrand-Prevot com 475
Na prova dos homens era aguardado o duelo entre os todo terreno Mathieu Van Der Poel e Tom Pidcock, os todo terreno que na sexta-feira duelaram no circuito curto, teriam a revanche em um traçado muito mais longo, técnico e traiçoeiro.
Mathieu Van Der Poel largou forçando o ritmo, já provocando um desmonte do pelotão logo nos primeiros metros da volta de largada, os poucos a resistirem ao esforço foram Nino Schurter, Flueckiger, Pidcock mantendo-se na roda do holandês. Um pouco mais para trás formou-se um segundo grupo maior com Ondrej Cink, Sarrou, Haterly, Avancini, entre ouros.
O ritmo de MVDP era elevadíssimo e na primeira volta o único a acompanha-lo foi Pidcock – sinal de que a guerra começava e a toda velocidade com o duelo rompendo o pelotão de perseguidores, sendo acompanhados a distância por Flueckiger e Cink.
Na segunda volta – o duelo entre MVDP e Picock tinha destroçado completamente o pelotão, Fluckieger e Cink ainda resistiam, mas Schurter já perdia mais de 50 segundos para os ponteiros, liderando um grupo onde estavam Sarrou, Hatherly. O brasileiro Henrique Avancini, não conseguiu fazer uma boa largada, sem conseguir acompanhar o ritmo, foi caindo e disputava posições no segundo pelotão que rodava naquele momento a mais de 2minutos dos líderes.
Na terceira volta, quando pedalavam lado a lado MVDP e Pidcock, o jovem britânico resolve mostrar sua força deixando o grandalhão holandês para trás, em pouco mais de 1 quilômetro sua vantagem já passava dos 30 segundos.
A ação surreal de PidcockAlgo, campeão sub23 e de e-MTB em 2020 e neste ano na estrada fazendo o 2º na Amstel Gold Race e 5º na Strade Bianche, abalou Van Der Poel que foi caçado e alcançado por Flueckiger. Schurter também não estava em um bom dia, chegou a sofrer uma queda, perdendo posições e a possibilidade de tentar chegar pelo menos na disputa da 5ª posição no pódio.
À frente Pidcock manteve o ritmo elevado, fazendo as duas voltas finais, com uma vantagem superior a 1 minuto, sobre Flueckiger e Van Der Poel que com sinais de cansaço disputavam a segunda posição no pódio. O holandês ainda conseguiu forças para ser mais rápido que o suíço, abrindo 5 segundos de vantagem para garantir o 2º lugar à frente do suíço.
A vitória de Pidcock foi marcada por recordes: havia 27 anos que um britânico não vencia uma etapa da Copa do Mundo de XCO, o último foi Gary Foord; foi sua primeira vitória na categoria Elite com apenas 21 anos, sua diferença para o segundo colocado foi a maior de todas as edições da Copa do Mundo disputada em Nove Mesto. Em meio às comemorações comentou: “Para ser honesto, Acho que nasci para fazer mountain bike” e completou ”Parece estúpido, mas é o que tenho feito desde pequeno e o que mais gosto. Vim aqui e ganhei uma Copa do Mundo na Elite na minha primeira tentativa em igualdade de condições. É muito insano”.
Avancini não conseguiu repetir o desempenho que teve nas últimas 4 provas disputadas em Nove Mesto onde venceu e foi 5º no ano passado, 4º em 2019 e 6º em 2018, terminando na 23ª posição a mais de 6 minutos do vencedor. Em sua conta pessoal no Instagram comentou: “Hora de voltar pra casa e dar um reset. Esse começo de temporada não foi dos mais tranquilos e refletiu na pista. 1ª vez em 4 anos que fico fora do top 20 num evento de Copa do Mundo”.
Entre os demais brasileiros que estiveram em Nove Mesto, Luiz Henrique Coccuzi ficou em 56º somando importantes pontos na busca pela segunda vaga brasileira para Tóquio. Guilherme Muller foi 75 e Ulan Galinski 96º.
Cocuzzi teve alguns problemas que o tiraram de uma melhor classificação, momentos antes da largada teve uma forte dor nas costas que quase o afastou da prova; largou com esse problema físico que comprometia o seu desempenho, mesmo assim chegou a entrar entre os 40 melhores, porém mais um golpe de azar: o cabo do canote retrátil quebrou, caiu perdendo mais algumas posições. Apesar desses problemas é muito provável que Cocuzzi seja confirmado com a segunda vaga olímpica do mountain bike brasileiro.
Na Copa do Mundo a liderança é de Mathieu Van Der Poel com 570 pontos, Pidcock é segundo com 490 e Koretzky o terceiro com 483, Avancini ocupa a 10ª colocação com 260 pontos e Cocuzzi o 50º com 46 pontos.
A próxima etapa da Copa do Mundo de MTB acontece em Leogang, na Áustria, entre os dias 11 e 13 de julho.
MERCEDES BENZ COPA DO MUNDO UCI DE MOUNTAIN BIKE XCO 2ª etapa – Nove Mesto – República Tcheca – XCO – Cross country olímpico – volta de largada 2.7 km – circuito 3.9 km Elite Feminina volta de largada 2.7 km + 5 voltas x 3.9 km – total 22.20 km – 101 competidoras de 31 países (mais rápida: Loana Lecomte 14m46s – vel. média 15.83 km/h )1- Loana Lecomte – Massi – França – 1h25m13s – vel. média 15.630 km/h 2-Haley Batten – Trinity Racing MTB – Estados Unidos +1m39s 3- Rebecca McConnel – Primaflor Mondraker XSauce – Austrália +1m51 4- Pauline Ferrand-Prevot – Absolute Abslon BMC – França +2m10 5- Evie Richards – Trek Factory Racing XC – Grã Bretanha +2m37s 62- Raiza Goulão – Brasil +13m05s 88- Jaqueline Mourão – Brasil -2 voltas
EliteMasculina volta de largada 2.7 km + 6 voltas x 3.9 km – total 26.10 km – 145 competidores de 37 países (volta mais rápida: Thomad Pidcock 11m55s – vel. média 19.62 km/h) 1- Thomas Pidckoc – Grã Bretanha – 120m55s vel. média 19.353 km/h 2- Mathieu Van Der Poel – Alpecin-Fenix – Holanda +1m 3- Mathias Flueckiger – Thömus RN Swiss Bike Team – Suíça – 1m15s 4- Ondrej Cink – Kross Orlen Cycling Team – República Tcheca +2m 5- Jordan Sarrou – Specialized Racing – França +2m21 23 – Henrique Avancini – Cannondale Factory Racing – Brasil +6m08s 56 – Luiz Henrique Cocuzzi – Brasil +8m47s 75 – Guilherme Muller – Caloi Henrique Avancini Racing – Brasil -1 volta 96- Ulan Galinski – Caloi Henrique Avancini Racing -2voltas