Apesar do boom com o grande volume de vendas de bicicletas e acessórios, uma das principais redes varejistas do Reino Unido, a Evans Cycles, do bilionário Mike Ashley reduzirá 300 postos de trabalho em um processo de reestruturação para redução de custos, mesmo em um momento de vendas em alta
Nem as vendas em alta são garantia de emprego. No Reino Unido a rede varejista de bike shops Evans Cycles passará por uma reestruturação onde serão cortados, pelo menos, 300 postos de trabalho – caindo de colaboradores para 475.
A Evans Cycles foi fundada em 1921 com sua primeira loja sendo aberta em Londres, na Kennington Road, comercializando bicicletas e brinquedos. Em meados de 1950 a rede passou a ser controlada por Joseph Smith e seu filho Gary Smith quando passou a ser uma rede dedicada exclusivamente à comercialização de bicicletas.
Com os esportes em bicicleta ganhando cada vez mais espaço no Reino Unido, entre o final dos anos 90 e os anos 2000, a rede aproveitou o momento e se expandiu, em 1999 implantou sua plataforma de e-commerce.
Evans Cycles começou suas atividades em 1921
Em 2008 a empresa passou a ser controlada pelo fundo de investimentos Active Private Equity, por 30 milhões de libras. Em 2015 outro grupo de investimentos entrou na operação, a ECI Partners que assumiu o controle maioritário da empresa por 75 milhões de libras. Em outubro de 2018 em tempos difíceis para a Evans , a empresa foi resgatada da falência pela rede Sports Direct – ligada ao Frasers Group (das marcas Slazenger, LAGear, Everlast, NoFear, Lonsdale entre outras), naquele momento a rede tinha 62 lojas e mais de 1000 funcionários.
Atualmente com 55 lojas no Reino Unido, o Frasers Group, do bilionário Mike Ashley, proprietário do time de futebol do Newcastle United, esta procurando reduzir custos e ganhar mais flexibilidade para a rede de bike shops.
Nesse processo estão as mais de 300 demissões, além disso várias mudanças nos contratos de trabalho das equipes serão realizados, por exemplo as equipes ligadas à direção e administração das lojas terão seu contrato aumentado de 40 para 45 horas semanais.
Segundo um documento interno, vazado ao jornal britânico The Guardian o restante do pessoal terá uma reformulação em seus contratos de trabalho, passando de um contrato com um mínimo de 8 horas trabalhadas por semana conhecido por “acordo de trabalhador casual”, para um contrato denominado no Reino Unido de zero-hour contracts, algo como um contrato de trabalho em tempo parcial, sem um mínimo de horas e com disponibilidade, esses tipo de contrato já foi implantado pelo grupo Frasers em outras empresas como a rede de material esportivo Sports Direct e as lojas de roupas Flannels, onde os funcionários, não tem garantia de emprego regular.
O comunicado da empresa enviado aos funcionários, e divulgado pelo The Guardian, revela: “Não podemos confiar nas velhas formas de administrar nossos negócios e devemos nos adaptar. Essas mudanças visarão abordar a proporção dos custos das vendas em nossas lojas e garantir que possamos ser mais flexíveis com nossa base de custos tanto nos picos de vendas como nos períodos mais difíceis”.
Em relatos ao The Guardian, os funcionários mostraram preocupação e destacaram que os cortes vieram junto com “condições de trabalho muito difíceis” durante a pandemia. Também disseram que todos os funcionários da loja foram informados de que deveriam se cadastrar novamente para seus empregos nas próximas semanas. “Este último ano foi terrível desde que (o grupo Frasers) começou a mudar as coisas. Tem sido uma indignidade após a outra”.
Não é a primeira vez que o grupo impõe os zero-hour contracts, em 2015 o problema foi na rede Sports Direct quando a empresa foi duramente criticada por sindicatos e parlamentares, gerando um pedido de desculpas do bilionário Ahsley a seus funcionários e uma promessa de transformar o seu negócio em “um dos melhores empregadores da Grã Bretanha”. A promessa não foi cumprida, os contratos de zero-hora foram mantidos e agora chegam à Evans Cycle.
Mudança nos contratos é questionado
Do lado dos trabalhadores, um porta-voz do sindicato dos comerciários disse que a entidade enviou ao governo britânico um pedido para que se proíbam os contratos de zero-horas. “Não é aceitável que os trabalhadores tenham contratos que não lhes garantam nenhuma hora. Há um perigo real de que, à medida que o impacto do coronavírus começa a se manifestar na economia, mais trabalhadores se sintam forçados a fazer contratos de zero horas, pois não têm outras opções”.
Um dilema para o setor em um momento que apesar das boas vendas, há uma grande instabilidade social pairando no ar com o tombo que a economia britânica de 9,9% em 2020, a maior queda em um ano desde que os dados passaram a ser levantados pelo banco da Inglaterra em 1709.
Neste ano a economia britânica mostra sinais positivos de recuperação, além disso o governo britânico anunciou um pacote econômico de mais de 4 bilhões de libras, valor equivalente a mais de R$ 28 bilhões, para ajudar as empresas com dificuldades devido à pandemia.