O francês Adrien Loron foi o mais rápido na desafiadora descida de 2,4 km do Red Bull Monserrate Cerro Abajo, o maior downhill urbano do mundo, disputado em Bogotá, na Colômbia. Fronteiras fechadas pela pandemia tiraram 4 rider’s brasileiros da disputa
Em tempos de pandemia, sem público e com número menor de estrangeiros mas com a tradicional transmissão ao vivo para todo o mundo pela RedBull TV foi disputada, no último sábado (06/02), a quarta edição do Monserrate Cerro Abajo.
O evento realizado em Bogotá, na Colômbia foi considerado, em 2019, pelo Guinnes Book como o maior percurso de downhill urbano do mundo, com mais de 2,4 km e 1.034 degraus.
O downhill urbano começou a ser disputado na capital colombiana em 2012 com o nome de Devotos de Monserrate, mas deixou de ser realizado por 7 anos, retornando em 2019 com a nova denominação – Cerro Abajo – ou em tradução livre: Morro Abaixo.
No ano passado a vitória foi do tcheco Tomás Slavík, edição que ainda contou com os brasileiros Wallace Miranda e Bernardo Cruz. Neste ano Wallace e Bernardo tinham convite para participar, além deles também estavam na primeira lista de convidados Lucas Borba e Matheus Westin.
BRASILEIROS BRECADOS PELA COVID-19
Porém, com o fechamento das fronteiras do país vizinho com o Brasil, em virtude da pandemia da Covid-19, os rider’s brasileiros não puderam embarcar para Bogotá, apesar dos esforços da Red Bull e dos organizadores do evento para coloca-los na disputa.
O traçado que utiliza as escadarias que levam ao santuário de Monserrate (localizado a 3.152 metros acima do nível do mar) tem 2,4 quilômetros, e a cada edição sofre algumas alterações com a implementação de novos obstáculos ou com estes sendo redesenhados. Ao todo são 27 obstáculos, os mais destacados são o Wall Ride La Roca com uma parede de 3 metros, o Salto do Arco com 1,5 metros, o Salto La Estrella de 2,5 metros e os impressionantes saltos da Cascada com 5 metros e o Salto Torniquete com um vão de 7 metros.
Além desses desafios que exigem muita habilidade e pericia, e um bom ajuste de suspensões e calibragem dos pneus, um falso plano logo após o primeiro trecho de escadarias exige dos pilotos um bom condicionamento físico e força para manter o ritmo constante de pedaladas – apesar de ser ainda no trecho inicial, ali é possível ganhar ou perder segundos preciosos.
foto: Kevin Molano/RedBull Content Pool
Sem os brasileiros que não puderam participar, a prova contou com a participação de 21 rider’s – 11 pilotos locais (Richard Cuevas, Sabastián Ardila, David Jaramillo, Nicolas Osorio, Juan Villada, Diego Gómez, Felipe Rodriguez, Steven Ceballos, Rafael Gutiérrez, Camilo Sánchez ‘Paquito’ e Jhony ‘Huesos’ Betancurth). Os chilenos com 4 representantes eram a maior delegação estrangeira, com Pablo Hobon, Felipe Agusto, Jerónimo Burns e como figura principal: Pedro Burns. Completaram a disputa o peruano Sebastián Alfaro, o equatoriano Mario Jarrin, o argentino Jerónimo Paez, o britânico Bem Moore; o costa-riquenho Pablo Aguilar, o mais novo na disputa, com 18 anos e que no ano passado foi 9º no mundial juvenil em Leogang e o francês Adrien Loron.
CERRO ABAJO
A prova exige muito dos competidores – a fase classificatória acontece horas antes da final, e isso coloca ainda mais pressão e cansaço físico é grande pois cerca de 70% do percurso é feito sobre degraus de diferentes tamanhos demandando muito trabalho dos membros superiores. Apenas os 10 melhores tempos passaram à final que teve transmissão direta pela RedBull TV.
O melhor tempo na classificação foi obtido pelo colombiano Johnny Betancurth com 4m36s761, o segundo melhor tempo foi do francês Adrien Loron com 4m39s162 com isso os dois seriam os últimos a entrar na pista. Como referência, apesar das mudanças no traçado, o vencedor em 2020, Tomas Slavik havia registrado 4m42s880.
Com a pista seca, em relação à edição anterior que foi disputada sob chuva, o primeiro a descer foi o colombiano David Jaramillo e também foi o único a sofrer uma queda ao passar pelo trecho do circuito feito sobre uma grande rocha e sair para fora da pista, mas sem maiores consequências.
foto: Camilo Rozo/RedBull Content Pool
Outro que não teve muita sorte foi o argentino Jerónimo Paez, terceiro a descer, levou um grande susto quando estourou o pneu traseiro logo no primeiro trecho de escadarias, o que tirou qualquer possibilidade de disputa.
Rafael Gutiérrez, vencedor em 2019 e tricampeão pan-americano de down-hill foi o primeiro a impressionar e assumir o hot-seat – trono quente – montado em uma réplica do bondinho funicular que leva ao alto do Moserrate.
A permanência do colombiano na primeira posição durou pouco, logo depois desceu o francês Adrien Loron, 4º colocado em Monserrate’2019 fez todos os trechos de forma muito técnica, regulando a suspensão traseira durante a ação para encarar o trecho que exigia força nos pedais e sem cometer erros fez o melhor tempo, registrando 4m31s485.
ADRIEN LORON O MAIS RÁPIDO
Loron é um dos grandes nomes no cenário internacional de downhill urbano, 4x e provas de Eliminator; foi Rei da Crankworks em 2017, importante série de competições de downhill extremo.
Com o melhor tempo do dia assumiu a liderança da competição e aguardou pela descida do colombiano Johnny Betancurth, último a enfrentar o desafio e que poderia tirá-lo da primeira posição no pódio pois horas antes havia feito o melhor tempo no traçado.
Betancurth é especialista em provas de Enduro com 4 títulos colombianos. Por estar mais adaptado à bicicleta de enduro, optou por utilizar este tipo de modelo apesar de terem um menor curso nas suspensões. O colombiano configurou sua bicicleta colocando mais pressão nos pneus e deixando as suspensões com uma regulagem mais mole para encarar a longa escadaria.
O colombiano chegou a fazer a penúltima intermediaria com um tempo parcial 1s499 melhor que o tempo do francês, assumindo virtualmente a primeira posição, mas apesar de fazer uma ótima descida no último trecho perdeu alguns décimos de segundo, fechando a prova a 8 décimos de Adrien Loron, novo campeão da RedBull Monserrate Cerro Abajo.
“Sensação incrível de conectar com fluxo toda essa pista extremamente complexa. Estava muito bem preparado para este evento, mesmo assim sofri em cima da bicicleta . Uma das corridas mais difíceis do mundo que eu pude conhecer. Um grande aplauso para todos os pilotos presentes e uma nota especial para o meu grande adversário do dia Johny Betancurth”, comemorou o novo campeão do Red Bull Cerro Abajo Moserrate que em sua passagem pela América do Sul, dias antes do evento, aproveitou para treinar na região de Barilhoce e para surfar as ondas do Lago Nahuel Huapi, na Patagonia Argentina.
RED BULL MONSERRATE CERRO ABAJO 2021
Bogotá/Colômbia – 6 de Fevereiro
1- Adrien Loron – França – 4m31s485
2- Johnny Betancurth – Colômbia +0.800
3- Rafael Gutiérrez – Colômbia +3s866
4- Camilo Sánchez – Colômbia +4s573
5- Steven Ceballos – Colômbia +5s794