Com um investimento de 50 milhões de reais, a Yellow entra em São Paulo com um lote inicial de 500 bicicletas, o objetivo é ser a maior operadora com mais de 100 mil bicicletas. A capital paulista é a primeira cidade do Brasil a ter um grande empreendimento de bicicletas compartilhadas sem estações. O sistema é conhecido por dockless já é realidade para o paulistano que por 1 real poderá pedalar por 15 minutos e ao final deverá estacionar a bike em um local que seja conveniente e não atrapalhe…
Aos poucos as bicicletas começam a pipocar pela região da Faria Lima e Vila Olimpia, oficialmente 500 bicicletas Yellow elas entraram em operação na última quinta-feira – 02/08. Mas os testes com as bicicletas e com o aplicativo que destrava e monitora todo o deslocamento da amarelinha pela cidade começou antes com 120 bicicletas utilizadas por amigos, familiares e parte dos 110 funcionários que integrarão a equipe dos Guardiões Yellow (assim serão chamados os colaboradores encarregados de organizar, rastrear , redistribuir e dar manutenção às bicicletas) e no final do mês de agosto serão mais 1.5000, até o final de outubro ou começo de novembro serão 20 mil bicicletas espalhadas pela cidade.
Não é a toa que o QG da Yellow está localizado na Vila Olímpia, a região é plana, tem uma população flutuante de 1,5 milhão de pessoas, muitos escritórios uma das principais artérias da rede de ciclovias da cidade que é a ciclovia da Faria Lima com um vai e vem diário que pode garantir um bom volume de dados para o primeiro estágio do sistema.
A proposta da Yellow é de ser um complemento para outros meios de transporte; uma solução rápida e acessível para pequenas distâncias, o que la fora é conhecido como First Mile/Last Mile – ou no dia a dia de quem se desloca a primeira e última milhas do deslocamento. Aqui poderíamos adequar e dizer que são os 2 quilômetros de pedal e por R$ 1 por 15 minutos poderá ser uma solução bem interessante, 1 hora de pedal são 4 reais, trata-se de uma solução para trechos curtos pois quando colocamos os custos deslocamentos maiores ou simulando uso diário de 2 horas custo para ir e vir durante um período de 24 dias seria de R$ 192 e com esse valor em 3 ou 4 parcelas mensais o usuário poderá adquirir uma bicicleta popular de qualidade similar àquela oferecida no sistema dockless.
Pensada para trechos curtos, trata-se de uma bicicleta de conceito espartano – mas como todo boa guerreira dos tempos modernos traz muita tecnologia embarcada em seu quadro de aço: GPS, rastreador, chip e sensores, placa fotovoltaica para alimentar o sistema de trava o que garantem que a bicicleta sempre esteja conectada ao sistema de controle pela internet (aproveitando-se inclusive de sinais de outras yellow que estejam ao seu lado, de redes wi-fi que operam abertas, a tecnologia utilizada é de ponta). Tudo isso, segundo a empresa desenvolvido e criado no Brasil.
A bicicletinha é básica, com quadro em aço carbono construído e soldado por uma grande e tradicional fabrica de bicicletas instalada na Zona Franca de Manaus; aro 26 de alumínio (como nas antigas Caloi Ceci dos anos 90) produzido pela VZan, pedivela de 165 mm monobloco; guidão, manoplas, selim, pedais, refletores tudo Made in Brasil. Exceção feita para os pneus rígidos que não furam e não precisam ser calibrados, além disso a transmissão recebeu uma corrente especialmente desenvolvida para os operadores de sistemas compartilhados com menor exigência de lubrificações e alta resistência às intempéries. Não dá para exigir performance, a limitação está na transmissão 40×20, tudo melhoraria com um sistema de marchas no cubo, como o Nexus, porém essa solução que renderia maior prazer em pedalar e poderia incentivar o usuário a enfrentar percursos maiores e até trechos com maior inclinação, encareceria o sistema e a proposta é chegar sempre às mãos do usuário com um custo muito reduzido.
Apostando na inclusão social, parte da equipe de Guardiões Yellow foram montadas com pessoas de comunidades menos favorecidas muitas delas desempregadas ou na condição de primeiro emprego; essas pessoas receberam treinamento do instituto AroMeiaZero e foram habilitadas para trabalhar na manutenção e no cuidado das bicicletas. Os Guardiões circularão pela cidade todos os dias da semana dando apoio a usuários, caso se faça necessário redistribuindo as bicicletas de forma a atender melhor a demanda com isso também garantindo boas práticas, o que pode ser traduzido como estacionar alguma ou outra bicicleta que tenha sido estacionada de forma inadequada por algum usuário .
Segundo Eduardo Musa, CEO e fundador da Yellow a estrutura operacional do sistema é a melhor do mundo com 1 atendente para cada 285 bicicletas, lá fora as equipes de operam com 1 atendente para cada 1.000 – esses números são para uma frota de 20 mil bicicletas, claro que com o aumento da frota disponível o número de Guardiões deverá aumentar para manter a mesma proporcionalidade do inicio da operação.
Quando a Prefeitura da cidade apresentou o convenio com este tipo e empresas apontou que estes poderiam operar em conjunto com o sistema de bilhete único, porém quando do lançamento da Yellow os sistemas não estavam interligados. Assim neste primeiro estágio o sistema só atende a usuários que tenham smartphones com sistema Android ou iOs, instalem o aplicativo e possuam um cartão de crédito para carregar créditos que vão de R$ 5 a R$ 40. Uma das grandes vantagens do sistema adotado pela Yellow quando comparado por exemplo às das pioneiras chinesas Ofo e Mobike é que por aqui não há a cobrança da taxa de fidelidade ou filiação, ou seja o usuário gasta apenas aquilo que consome.
O plano futuro da empresa é que ela se torne a maior operadora de dockless da cidade de São Paulo chegar a operar com uma frota de 100 a 120 mil bicicletas. A Yellow tem em seus planos levar o sistema para outras cidades, o projeto é chegar a uma frota estimada entre 1 milhão e 1,5 milhão de bicicletas.
O negócio não é para amadores, à frente da Yellow estão o ex-presidente da Caloi, Eduardo Musa e Ariel Lambrecht e Renato Freitas, ambos co-fundadores do aplicativo 99Táxis que no inicio do ano foi adquirida pela chinesa Didi Chuxing por R$ 960 milhões. Coincidência ou não a Didi tem participação na Ofo, uma das maiores operadoras de dockless do mundo e coincidentemente as bicicletas são pintadas de amarelo e tem um modelo muito parecido ao que a Yellow está implantando no Brasil. E um dia depois do lançamento da Yellow no brasil, circularam noticias de que a Didi em conjunto com a Ant Financial, do grupo Alibaba estaria adquirindo a totalidade da operação da Ofo por 2 bilhões de dólares.
Porém por trás dessa frota gigantesca que está sendo prevista e também com a provável chegada de outras operadoras e como acontece em outros países, e por mais que os responsáveis neguem e garantam que não disponibilizarão os dados coletados junto aos usuários (está prevista uma troca de dados referentes aos deslocamentos para com a prefeitura) ; o interesse está nas informações geradas pelo usuário constantemente durante o deslocamento, aonde para a bicicleta e com isso no futuro oferecer serviços, como dicas de lanchonetes, restaurantes. E aí é o Cavalo de Troia dos sistemas dockless – o monitoramento do cidadão, claro que no caso da Yellow, quando você não estiver pedalando poderá desativar o envio de dados. Além da mobilidade é na informação e nos serviços que podem ser oferecidos ao usuário que está a grande engrenagem que movimenta o sistema e torna o sistema dockless disputadíssimo em alguns mercados, apesar dos erros e acertos.
Ao menos aqui em São Paulo, no papel, a prefeitura elaborou uma série de regras para que os sistemas não provoquem os transtornos que aconteceram em algumas cidades do mundo, aonde não foram bem recebidos ou aonde a saturação de bicicletas levou ao vandalismo. Agora é ver como os usuários se comportam, afinal as bicicletas ficarão estacionadas e como indica a operadora em lugares públicos onde é permitido e gratuito estacionar veículos em geral. Porém logo no primeiro dia, minutos depois da apresentação a centenas de metros do QG da Yellow havia uma bicicleta estacionada sobre a calçada quase na porta de um restaurante, os Guardiões das amarelinhas terão um árduo trabalho pela frente, a educação do usuário terá de ser intensiva.