Yellow: SAMPA COMEÇA A SER INVADIDA PELAS AMARELINHAS

Com um investimento de 50 milhões de reais, a Yellow entra em São Paulo com um lote inicial de 500 bicicletas, o objetivo é ser a maior operadora com mais de 100 mil bicicletas. A capital paulista é a primeira cidade do Brasil a ter um grande empreendimento de bicicletas compartilhadas sem estações. O sistema é conhecido por dockless já é realidade para o paulistano que por  1 real poderá pedalar por 15 minutos e ao final deverá estacionar a bike em um local que seja conveniente e não atrapalhe…

As Yellow começam a aparecer nas ruas de Sampa – Foto: George Panara©MundoBici

Aos poucos as bicicletas começam a pipocar pela região da Faria Lima e Vila Olimpia, oficialmente 500 bicicletas Yellow elas entraram em operação na última quinta-feira – 02/08. Mas os testes com as bicicletas e com o aplicativo que destrava e monitora todo o deslocamento da amarelinha pela cidade começou antes com 120 bicicletas utilizadas por amigos, familiares e parte dos 110 funcionários  que integrarão a equipe dos Guardiões Yellow  (assim serão chamados os colaboradores encarregados de organizar, rastrear , redistribuir e dar manutenção às bicicletas) e no final do mês de agosto serão mais 1.5000, até o final de outubro ou começo de novembro serão 20 mil bicicletas espalhadas pela cidade.

Não é a toa que o QG da Yellow está localizado na Vila Olímpia, a região é plana, tem uma população flutuante de 1,5 milhão de pessoas, muitos escritórios uma das principais artérias da rede de ciclovias da cidade que é a ciclovia da Faria Lima com um vai e vem diário que pode garantir um bom volume de dados para o primeiro estágio do sistema.

Sistema de travamento da Yellow- o desbloqueio e feito pelo aplicativo – Foto: George Panara©MundoBici

A proposta da Yellow é de ser um complemento para outros meios de transporte;  uma solução rápida e acessível para pequenas distâncias, o que la fora é conhecido como First Mile/Last Mile – ou no dia a dia  de quem se desloca a primeira e última milhas do deslocamento.  Aqui poderíamos adequar e dizer que são os 2 quilômetros de pedal e por R$ 1 por 15 minutos poderá ser uma solução bem interessante, 1 hora de pedal são 4 reais, trata-se de uma solução para trechos curtos pois quando colocamos os custos  deslocamentos maiores  ou simulando  uso diário de 2 horas custo para ir e vir durante um período de 24 dias seria de R$ 192 e com esse valor em 3 ou 4 parcelas mensais o usuário poderá adquirir uma bicicleta popular de qualidade similar àquela  oferecida no sistema dockless.

Pensada para trechos curtos, trata-se de uma bicicleta de conceito espartano – mas como todo boa guerreira dos tempos modernos traz muita tecnologia embarcada em seu quadro de aço: GPS, rastreador, chip e sensores, placa fotovoltaica para alimentar o sistema de trava o que garantem que a bicicleta sempre esteja conectada ao sistema de controle pela internet (aproveitando-se  inclusive de sinais de outras yellow que estejam ao seu lado, de redes wi-fi que operam abertas, a tecnologia utilizada é de ponta). Tudo isso, segundo a empresa  desenvolvido e criado no Brasil.

A bicicletinha é básica, com quadro em aço carbono construído e soldado por uma grande e tradicional fabrica de bicicletas instalada na Zona Franca de Manaus; aro 26 de alumínio (como nas antigas Caloi Ceci dos anos 90) produzido pela VZan, pedivela  de 165 mm monobloco; guidão, manoplas, selim, pedais, refletores tudo Made in Brasil. Exceção feita para os pneus rígidos que não furam e não precisam ser calibrados, além disso a transmissão recebeu uma corrente especialmente desenvolvida para os operadores de sistemas compartilhados com menor exigência de lubrificações e alta resistência às intempéries.  Não dá para exigir performance, a limitação está na transmissão 40×20, tudo melhoraria com um sistema de marchas no cubo, como o Nexus, porém essa solução que renderia maior prazer em pedalar e poderia incentivar o usuário a enfrentar percursos maiores e até trechos com maior inclinação,  encareceria o sistema e a proposta é chegar sempre às mãos do usuário com um custo muito reduzido.

Até outubro 20 mil bicicletas estarão disponíveis nas ruas – Foto: George Panara©MundoBici

Apostando na inclusão social, parte da equipe de Guardiões Yellow  foram montadas com pessoas de comunidades menos favorecidas muitas delas desempregadas ou na condição de primeiro emprego;  essas pessoas receberam treinamento do instituto AroMeiaZero e foram habilitadas para trabalhar na manutenção e no cuidado das bicicletas. Os Guardiões circularão pela cidade todos os dias da semana dando apoio a usuários, caso se faça necessário redistribuindo as bicicletas de forma a atender melhor a demanda com isso também garantindo boas práticas, o que pode ser traduzido como estacionar alguma ou outra bicicleta que tenha sido estacionada de forma inadequada por algum usuário .

Segundo Eduardo Musa, CEO e fundador da Yellow a estrutura operacional do sistema é a melhor do mundo com 1 atendente para cada 285 bicicletas, lá fora as equipes de operam com 1 atendente para cada 1.000 – esses números são para uma frota de 20 mil bicicletas, claro que com o aumento da frota disponível o número de Guardiões deverá aumentar para manter a mesma proporcionalidade do inicio da operação.

Quando a Prefeitura da cidade apresentou o convenio com este tipo e empresas apontou que estes poderiam operar em conjunto com o sistema de bilhete único, porém quando do lançamento da Yellow os sistemas não estavam interligados. Assim neste primeiro estágio o sistema só atende a usuários que tenham smartphones com sistema Android ou iOs, instalem o aplicativo e possuam um cartão de crédito para carregar créditos que vão de R$ 5 a R$ 40. Uma das grandes vantagens do sistema adotado pela Yellow quando comparado por exemplo às das pioneiras chinesas Ofo e Mobike é que por aqui não há a cobrança da taxa de fidelidade ou filiação, ou seja o usuário gasta apenas aquilo que consome.

O plano futuro da empresa  é que ela se torne a maior operadora de dockless da cidade de São Paulo chegar a operar com  uma frota de 100 a 120 mil bicicletas.  A Yellow tem em seus planos levar o sistema para outras cidades, o projeto é chegar a uma frota estimada entre 1 milhão e 1,5 milhão de bicicletas.

O negócio não é para amadores,  à frente da Yellow estão o ex-presidente da Caloi, Eduardo Musa e Ariel Lambrecht e Renato Freitas, ambos co-fundadores do aplicativo 99Táxis que no inicio do ano foi adquirida pela chinesa Didi Chuxing por R$ 960 milhões.  Coincidência ou não a Didi tem participação na Ofo, uma das maiores operadoras de dockless do mundo e coincidentemente as bicicletas são pintadas de amarelo e tem um modelo muito parecido ao que a Yellow está implantando no Brasil.  E um dia depois do lançamento da Yellow no brasil, circularam noticias de que a Didi em conjunto com a Ant Financial, do grupo Alibaba estaria adquirindo a totalidade da operação da Ofo por 2 bilhões de dólares.

Porém por trás dessa frota gigantesca que está sendo prevista e também com a provável chegada de outras operadoras e como acontece em outros países,  e por mais que os responsáveis neguem  e garantam que não disponibilizarão os dados coletados junto aos usuários (está prevista uma troca de dados referentes aos deslocamentos para com a prefeitura) ;  o interesse está nas informações geradas pelo usuário constantemente durante o deslocamento, aonde para a bicicleta e com isso no futuro oferecer serviços, como dicas de lanchonetes, restaurantes. E aí é o Cavalo de Troia dos sistemas dockless – o monitoramento do cidadão, claro que no caso da Yellow, quando você não estiver pedalando poderá desativar o envio de dados. Além da mobilidade é na informação e nos serviços que podem ser oferecidos ao usuário que está a grande engrenagem que movimenta o sistema e torna o sistema dockless disputadíssimo em alguns mercados, apesar dos erros e acertos.

Ao menos aqui em São Paulo, no papel, a prefeitura elaborou uma série de regras para que os sistemas não provoquem os transtornos que aconteceram em algumas cidades do mundo, aonde não foram bem recebidos ou aonde a saturação de bicicletas levou ao vandalismo.  Agora é ver como os usuários se comportam, afinal as bicicletas ficarão estacionadas e como indica a operadora em lugares públicos onde é permitido e gratuito estacionar veículos em geral. Porém logo no primeiro dia, minutos depois da apresentação a centenas de metros do QG da Yellow havia uma bicicleta estacionada sobre a calçada quase na porta de um restaurante, os Guardiões das amarelinhas terão um árduo trabalho pela frente, a educação do usuário terá de ser intensiva.

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