APELDOORN: KIRSTEN WILD, A GIGANTE DO MUNDIAL

Pedalando empurrados por sua torcida, os ciclistas holandeses colocaram seu país na primeira posição no quadro de medalhas dos Mundiais de Ciclismo de Pista disputados no Omnisport Velodrome de Apeldoorn. A ciclista Kirsten Wild foi o grande nome da seleção laranja ao conquistar três medalhas de ouro. O velocista Jeffrey Hoogland, foi outro holandês que se destacou, ganhando dois ouros 

Com três ouros, Kirsten Wild foi a grande campeã dos Mundias de Apeldoorn – Foto: ©UCI

Em mais uma edição dos Campeonatos Mundiais, os donos da casa cumpriram com a sua obrigação e mostraram muita raça e determinação para sua torcida; os britânicos mostraram que sempre são fortes na perseguição por equipes com o ouro no masculino e a prata no feminino. E correndo para tentar superá-los sempre teremos dinamarqueses, alemães e italianos embolando-se no pódio masculino.

No 4x4000m feminino as estadunidenses superaram as britânicas, e apesar do terceiro ouro consecutivo em mundiais, o objetivo principal é Tokio2020 aonde querem o ouro. Num degrau mais abaixo as italianas ficaram com o bronze com uma quarteta que começa a se renovar com a  sub23,  Letizia Paternoster. A jovem italiana de 20 anos também levou outro bronze na prova de Madison correndo ao lado de Maria Giulia Confalonieri – a dupla é apontada como uma das grandes duplas que estarão correndo na estreia da Madison feminina nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

A pista dá margem a surpresas principalmente nas provas disputadas em pelotão. No Scratch o jovem bielorusso Yauheni Karaliok, aos 21 anos conquistou seu primeiro ouro destacando diante de companheiros de pista com títulos ou com maior experiência internacional como os Michele Scartezzini que ficou com a prata ou com o jovem talento australiano Callum Scotson que ficou com o bronze.

Fábian Puerta, após duas pratas, finalmente a conquista do ouro no Keirin – Foto: ©UCI

Mais uma vez um mundial serviu para mostrar ao mundo que a Colômbia não é feita exclusivamente de escaladores. No velódromo de Apeldoorn, o velocista Fabian Puerta finalmente conquistou a tão desejada camisa arco íris. Após ter ficado com a  prata em Hong Kong/2017 e correndo em casa em Cali/2014;  foi na pista holandesa que quebrou o encanto ao vencer a fase classificatória, ficar com a terceira posição na semi-final e impondo-se na final ao superar o experiente  profissional do Keirin, o japonês Tomoyuki Kawabata e ao alemão Maximillian Levy.

Não há como negar que o grande nome do mundial foi Kirsten Wild e suas quatro medalhas – os três ouros – Prova por Pontos, Scratch e na Omnium e a prata na Madison.  Aos 35 anos de idade foi uma gigante do Omnisport Velodrome dominando a pista e suas adversárias. No Scratch buscou o sprint, na Omnium  venceu a primeira das quatro provas – o scrach, depois fez um 5º lugar na Tempo Race, venceu a Eliminação e entrou para a disputa da Prova por Pontos do programa da Omnium com uma boa vantagem – foi o momento em que ela usou a inteligência e não se expôs, foi econômica,  afinal ela ainda teria pela frente mais dois dias de competição, assim ela venceu um sprint intermediário e foi terceira no sprint final, deixando para trás fortes adversárias como a dinamarquesa Amalie Dideriksen, a neo-zelandesa Rushlee Buchanan, a italiana Elisa Balsamo e a estadunidense Jennifer Valente.

Seguindo em sua escalada em busca de medalhas Wild, em dupla com Amy Pieters, desafiou as britânicas Katie Archibald e Emily Nelson na prova de Madison – porém não havia o que fazer. A dupla do British Team não cedeu terreno e venceu 8 dos 12 sprints. A superioridade britânica era clara e nem por isso a torcida local deixou de comemorar a prata da dupla. No último dia de competições o terceiro ouro de Kirsten foi obtido na Prova por Pontos, aonde mais uma vez mostrou muita técnica e domínio ao vencer cinco dos dez sprints pontuáveis e ainda se encaixar na fuga junto com outras ciclistas que colocou uma volta no pelotão somando 20 pontos – as principais adversárias do dia foram  a estadunidense Jennifer Valente e a canadense Jasmin Duehring.

Nicky Degrendele (camisa azul clara)  ao 21 anos arranca para vencer a Keirin – Foto: ©UCI

A velocista alemã Kristina Vogel,  atingiu em Apeldoorn, a incrível marca de 11 títulos mundiais ao vencer a prova de Velocidade 200m.  e formando equipe com Miriam Welte  na Velocidade por Equipes, com essa marca, aos 27 anos e muito ciclismo pela frente, empatou em número de títulos mundiais  com a australiana Anna Meares que se aposentou em 2016 após os Jogos do Rio.  Na prova de Velocidade por Equipes, o técnico alemão soube muito bem como trabalhar suas peças e usá-las no momento certo, poupando a super-campeã e dando experiência a uma jovem ciclista.  Kristina só entrou na disputa da Velocidade por Equipes na segunda rodada – Miriam Welte e a jovem de 20 anos,  Pauline Sophie Grabosch classificaram a equipe com o melhor tempo, para a semifinal Vogel assumiu o arremate da prova e foi arrasadora, superando as polonesas e na final batendo as donas da casa. Vogel poderia ainda ter conquistado um pódio no Keirin, vinha de duas vitórias nas baterias classificatórias, o que a colocava como favorita. Porém,  na final,  após a saída do derny (moto) e  ficar encaixotada no grupo,  faltaram pernas para acompanhar o ataque da jovem belga  (sub23) Nicky Degrendele, de Lee Wai Sze e da veterana Simona Krupeckaité. Apesar da derrota, mostrou muita esportividade ao abraçar e comemorar a vitória da jovem belga. Outro destaque da seleção alemã foi Miriam Welte  que conquistou o seu segundo ouro na Holanda ao vencer a prova de 500 m contra-relógio, um título que ela já havia conquistado em 2014.

Prova por Pontos 5 x Meyer: Pruszków/2009, Ballerup/2010, Melbourne/2012, Hong Kong/2017 e Apeldoorn/2018 – Foto: ©UCI

Pela quinta vez o australiano Cameron Meyer conquistou o Mundial da Prova por Pontos, mostrando-se um verdadeiro colecionador de títulos e para isso se valeu de uma tática agressiva buscando sempre estar à frente do grupo, vencendo 5 dos 16 sprints intermediários somando 30 pontos e para completar ainda se encaixou nas fugas certas que lhe garantiram, ao colocar duas voltas no pelotão (em momentos diferentes), somar 40 pontos – terminando a prova com 70 pontos, com uma vantagem de 18 pontos sobre o segundo colocado, o holandês Jan Willem van Schip que levantou a torcida local ao vencer o sprint final.

Outro jovem talento das Pistas e que segue a linha de bons perseguidores é o italiano Filippo Ganna  que em Apeldoorn conquistou, além da medalha de prata no 4×4000, a medalha de ouro na Perseguição Individual ao travar um belo duelo com o português Ivo Oliveira. O ciclista luso de 21 anos,  deu trabalho, largou mais forte que Ganna e dominou até os 3000m (12 voltas), daí o italiano forçou o ritmo para concluir a prova com 4m13s607 e uma vantagem de 1s821.

Chloe Dygert estabeleceu o novo recorde mundial da Perseguição Individual – 3m20s060 – Foto: ©UCI

O velódromo inaugurado em 2008 não é uma pista das mais rápidas, sinal disso é que apenas um recorde mundial foi melhorado. A estadunidense Chloe Dygert que tinha conquistado o ouro integrando o quarteto da perseguição, estabeleceu a melhor marca da perseguição individual (3.000m) ao baixar em 2s197 a marca da sua compatriota Sarah Hammer, estabelecida em 2010 no velódromo de Aguascalientes, no México. Na final, disputada contra a local Annemiek van Vleuten, a estadunidense completou a prova em 3m20s060 melhorando em 0,012 segundos o seu tempo estabelecendo mais uma vez o recorde mundial, vencendo a prova e ainda alcançando a adversária quando ainda faltava uma volta.

Katie Archibald, Emily Nelson desde a largada foram ao ataque em todos os sprints-  Foto: ©UCI

Disputada pela segunda vez na história dos mundiais, a Madison feminina, , foi dominada pela dupla britânica formada por  Katie Archibald e Emily Nelson que optaram por sair ao ataque e vencer todos os sprints possíveis com um ritmo alucinante, vencendo oito dos doze sprints o que lhes deu uma incrível vantagem de 15 pontos sobre as holandesas Wild e Amy Pieters. As italianas italianas Letizia Paternoster e Maria Confalonieri ficaram com o bronze.

Na prova de Omnium masculina,  jovens talentos assumiram as cinco melhores posições. O polonês Szyman Sajnok, de 20 anos e com contrato com a equipe continental CCC-Sprandi levou o ouro, a prata ficou com o holandês Jan Willem van Schip e o bronze com Simone Consonni, ambos com 23 anos.  Outro jovem a figurar entre os melhores foi o português Ivo Oliveira de 21 anos  e o neozelandês Stewart Campbell.  O programa de Omnium esteve aberto até o último momento da prova por pontos e a definição ficou para as voltas finais.

Roger Kluge e Theo Reinhardt venceram a prova que fechou o Mundial – a Madison – Foto: ©UCI

Os holandeses colocaram dois ciclistas no pódio do  1 km contra-relogio com o ouro de  Jeffrey Hoogland  com o bronze do veterano Theo Bos . A prata ficou com o australiano Matthw Glaetzer que também conquistou o ouro nos 200m.

A festa do Mundial foi concluída com a disputa da Madison masculina, a prova mais longa do torneio com 50 km (200 voltas ) e a disputa de 20 sprints. A prova foi bastante equilibrada, mas quatro equipes foram ao ataque colocando uma volta no pelotão e cada uma somando 20 pontos. Os alemães  Roger Kluge e Theo Reinhard mostraram mais consistência ao vencerem cinco sprints intermediários e totalizando 53 pontos. A experiente dupla espanhola formada por Albert Torres e Sebastian Mora começou vencendo o primeiro sprint e depois cedeu terreno, quando foram para o ataque ficou difícil reduzir a diferença e assim concluíram com 45 pontos garantindo a prata. Com 37 pontos os australianos  Cameron Meyer e Callum Scotson.

No quadro de medalhas a Holanda ficou com a primeira posição com 12 medalhas, sendo 5 de ouro.  A Alemanha ficou na segunda posição com   seis medalhas, sendo quatro de ouro, enquanto a Grã-Bretanha, a Austrália vem a seguir com 6 medalhas cada uma com 2 ouros.

Os próximos Campeonatos Mundiais de Ciclismo de Pista serão disputados na BGZ Arena, em Puszków, na Polonia inaugurado em 2008 e que em 2009 já sediou os mundiais de pista.

Poloneses comemoram a vitória de Szymon Sajnok na Omnium – Foto: ©UCI

CAMPEONATOS MUNDIAIS DE CICLISMO DE PISTA – OMNISPORT VELODROME – APELDOORN

DIA 2

Perseguição por Equipes Masculino (4x4000m)

1- Grã Bretanha – Edward Clancy, Kian Emadi, Ethan Hayterm, Charlie Tanfield – 3m53s389 – vel. média 61.700 km/h

2- Dinamarca – Niklas Larsen, Julius Johansen, Frederik Madsen, Casper von Folsach – 3m55s232

3- Itália – Simone Consonni, Liam Bertazzo, Filippo Ganna, Francesco Lamon – 3m54s606

4- Alemanha – Nils Schomber, Felix Gross, Theo Reinhardt, Kersten Thiele – 3m56s594

 

Scratch Homens – 60 voltas (15 km)

Tempo de prova: 16m42s  velocidade média  53.872km/h

1 – Yauheni Karaliok/Bielorússia

2- Michele Scartezzini/Itália

3- Callum Scotson/Austrália

 

Keirin masculino

6 voltas – apenas os 200m finais são cronometrados

1- Fabian Puertas/Colômbia – 10s184

2- Tomoyuki Kawabata/Japão  –  +0.043

3- Maximilian Levy/Grã Bretanha –  + 0.107

 

Perseguição por Equipes Feminina (4x4000m)

1- Estados Unidos – Jennifer Valente, Kelly Catlin, Chloe Dygert, Kinberly Geist – 4m15s669 – vel. média 56.323 km/h

2- Grã Bretanha – Katie Archibald, Elinor Barker, Laura Kenny, Emily Nelson – 4m16s980

3- Itália – Elisa Balsamo, Letizia Paternoster, Silvia Valsecchi, Tatiana Guderzo – 4m20s202

4- Canadá – Allison Beveridge, Ariana Bonhome, Annie Foreman-Mackey, Stephanie Roorda – 4m23s216

 

Dia 3

Prova por Pontos Masculina

160 voltas (40 km) 16 sprints – tempo de prova: 45m40s – velocidade média 52.552 km/h

1- Cameron Meyer/Austrália – 70 pontos –  45m40s

2- Jan Willem van Schip/Holanda – 52 pontos

3- Mark Stewart/Grã Bretanha – 49 pontos

Filippo Ganna mantém a tradição italiana na Perseguição – Foto: ©UCI

Perseguição Individual homens 4000 m

1- Filippo Ganna/Itália – 4m13s607 – vel. média 56.781

2- Ivo Oliveira/Portugal – 4m15m428

3- Alexander Evtushenko/Rússia – 4m13s786

4- Charlie Tanfield/Grã Bretanha – 4m15s930

 

Omnium Feminino

1- Wild Kirsten/Holanda – 121 pontos

2- Amalie Dideriksen/Dinamarca – 112 pontos

3- Rushlee Buchanan/Nova Zelândia – 106 pontos

 

A princesa do Keirin Nicky Degrendele e a rainha das provas de velocidade Kristina Vogel- Foto: ©UCI

Dia 4

500m contra-relógio – Feminino

1- Miriam Welte/Alemanha – 33s150 – vel. média 54,299 km/h

2- Daria Shmeleva/Rússia – 33s237

3- Elis Ligtlee/Nova Zelândia – 33s484

 

Madison Feminino

120 voltas (30 km) com 12 sprints- tempo de prova 34m41s – vel. média 51.883 km/h

1- Grã Bretanha – Katie Archibald, Emily Nelson – 50 pontos

2- Holanda – Kirsten Wild, Amy Pieters – 35 pontos

3- Itália – Letizia Paternoster, Maria Giulia Confalonieri – 20 pontos

 

Perseguição Individual Feminino 3.000m

1Chloe Dygert/Estados Unidos – 3m20s060 novo recorde mundial – velocidade média 53.984 km/h

2- Annemiek van Vleuten/Holanda – OVl (alcançada)

3- Kelly Catlin/Estados Unidos – 3m34s658

4- Lisa Brennauer/Alemanha – 3m35s920

 

Omnium Masculino

1- Szymon Sajnok/Polônia – 111 pontos

2- Jan Willem van Schip/Holanda – 107 pontos

3- Simone Consoni/Itália – 104 pontos

 

Velocidade Homens 200m

1- Matthew Glaetzer/Austrália – 10s343 vel. média  69.612 km/h – 10s145 vel. média 70.971km/h

2- Jack Carlin/Grã Bretanha – +0.045 +0.098

3- Sebastien Vigier/França – 10s329  10s186

4- Maximilian Levy/Alemanha – +0.023 +0.090

Jeffrey Hoogland exausto após a vitória no Km Foto: ©UCI

Dia 5

Prova por Pontos mulheres

100 voltas (25 km) com 10 sprints – tempo de prova 31m36s – vel. média: 47.453 km/h

1- Kirsten Wild/Holanda – 49 pontos

2- Jennifer Valente/Estados Unidos – 43 pontos

3- Jasmin Duehring/Canadá – 30 pontos

 

1 Km contra-relógio masculino

1- Jeffrey Hoogland/Holanda – 59s459 – vel. média 60.546

2- Matthew Glaetzer/Austrália – 59s745

3- Theo Bos/Holanda – 59s955

 

Keirin Feminino

6 voltas – apenas os 200m finais são cronometrados

1- Nicky Degrendele/Bélgica – 10s808 – vel. média 66.617 km/h

2- Lee Wai Sze/Hong Kong – +0.154

3- Simona Krupeckaite/Lituânia – +0.250

 

Madison Masculino

200 voltas (50 km) com 20 sprints intermediários – tempo de prova: 42m29s – velocidade média: 57.143 km/h

1- Alemanha – Roger Kluge, Theo Reinhardt – 53 pontos

2- Espanha – Alberto Torres, Sebastian Mora – 45 pontos

3- Austrália – Cameron Meyer, Callum Scotson – 37 pontos

 

Quadro de medalhas

1- Holanda – 12 medalhas – 5 ouro, 5 prata, 2 bronze

2- Alemanha – 6 medalhas – 4 ouro, 2 bronze

3- Grã Bretanha – 6 medalhas – 2 ouro, 3 prata, 1 bronze

4- Austrália – 6 medalhas – 2 ouro, 2 prata, 2 bronze

5- Estados Unidos – 4 medalhas – 2 ouro , 1 prata, 1 bronze

6 – Itália – 6 medalhas – 1 ouro, 1 prata, 4 bronze

7 – Bélgica – 2 medalhas – 1 ouro, 1 prata

8 – Bielorússia – 1 medalha – 1 ouro

9 – Colômbia – 1 medalha – 1 ouro

10 – Polônia – 1 medalha – 1 ouro

11- Dinamarca – 3 medalhas – 2 prata, 1 bronze

12- Rússia – 3 medalhas – 2 prata , 1 bronze

13- Espanha – 1 medalha – 1 prata

13- Hong Kong – 1 medalha – 1 prata

13 – Portugal – 1 medalha -1 prata

17 – França – 2 medalhas – 2 bronze

18 – Canadá – 1 medalha – 1 bronze

18 – Lituânia – 1 medalha – 1 bronze

18 – Nova Zelândia – 1 medalha – 1 bronze

 

1 comentário em APELDOORN: KIRSTEN WILD, A GIGANTE DO MUNDIAL

  1. Vasconcellos disse:

    Boa cobertura, agora vem o Mundial Paraciclismo no Brasil RJ..

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