Trinidad e Tobago. A ilha do ciclismo de pista recebe os melhores ciclistas das Américas para a disputa dos Campeonatos Pan Americanos da categoria Elite. Nos dois primeiros dias de competição o destaque vai para o super-campeão Fabian Puerta que obteve o sétimo ouro consecutivo no Keirin. O Brasil está presente com uma delegação formada por 9 ciclistas
Velocidade por Equipes 750m – João Vitor a Silva, Hugo Osteti e Flavio Cipriano fizeram o 7º tempo em Trinidad e Tobago foto: Dennis Taye Allen for @TTGameplan
Com pouco mais e 1,3 milhões de habitantes e com 5.131km² (menor que a região da grande Florianópolis ) , Trinidad e Tobago tem no ciclismo de pista um dos esportes mais populares (junto com o cricket e o futebol) , com isso em 2015 ganhou uma nova pista coberta, com piso de madeira. Por ser a única do Caribe, vem recebendo atenção especial da UCI para que se torne um polo do ciclismo de pista na região. Dentro desse programa está incluída a realização dos Campeonatos Panamericanos de Ciclismo de Pista.
Para se ter uma ideia do gosto pelo esporte a ilha tem, além do novo velódromo coberto e com pista de madeira, mais 4 velódromos. O velódromo de Siparia – Irwin Park com sua pista de concreto de 333m reformado em 2015, e ainda os velódromos de Arima (450m), o antigo Skinner Park (400m) que mais é uma pista circular e o Velódromo de Palo Seco (333m).
Os Campeonatos Panamericanos de Pista categoria Elite começaram na última quarta-feira (30/08) no National Cycling Velodrome Couva, localizado em Balmain, com a participação e 177 ciclistas de 20 países das Américas, sendo 114 homens e 63 mulheres.
Perseguição por Equipes, os canadenses Aidan Caves, Jay Lamoureux, Derek Gee e Simpson Bayley conquistaram o ouro – foto: Dennis Taye Allen for @TTGameplan
A Confederação Brasileira de Ciclismo enviou para Trinidad Tobago uma seleção com 9 ciclistas formada por Fabio Dalamaria, Flávio Cipriano, Gideoni Monteiro, Hugo Osteti, João Vitor da Silva, Ricardo Dalamaria, Gabriela Yumi, Thayná Araujo e Wellyda dos Santos. A comissão técnica é formada pelo técnico Emerson Silva, o mecânico Eduardo Oliveira e o fisioterapeuta Jivago Salinet.
A delegação brasileira não teve muita sorte em sua viagem à ilha caribenha, pois parte de sua bagagem não chegou a tempo para a competição. Nem todas as bicicletas chegaram para os primeiros treinos e as rodas de competição sumiram temporariamente, a organização teve que abrir um precedente para que nos dois primeiros dias de competição os brasileiros pudessem competir usando rodas de treino com pneus clincher, ao invés de tubulares.
A seleção brasileira fez sua viagem com a Copa Airlines, e segundo informações não oficiais, a companhia aérea teria deixado em São Paulo as bagagens onde estavam as rodas de competição. Até onde pudemos apurar, até a manhã da quinta-feira as rodas ainda não haviam sido entregues à delegação brasileira.
Sobre o ocorrido o técnico a seleção, Emerson Silva declarou: “Estamos tendo que nos virar por aqui. Ainda não recebemos as malas extraviadas com as rodas e outras ferramentas, então estamos competindo com rodas reservas, que não são adequadas para competição. Nas primeiras provas ainda conseguimos rodas emprestadas, mas uma delas acabou quebrando e tivemos um acidente que prejudicou ainda mais a equipe. Agora vamos competir com o que realmente temos em mãos e tentar fazer o nosso melhor”,
Com toda essa tensão com a falta de rodas e atraso na chegada das bicicletas, os brasileiros entraram na tarde da quarta-feira (30/08 ) para disputar a fase classificatória da Velocidade por Equipes (750m). O trio formado por Hugo Osteti, Flavio Cipriano e Jõao Vitor da Silva registrou o 6º melhor tempo passando para a fase e semi-finais, reservada apenas às 8 melhores marcas.
Na semifinal , disputada na quinta-feira (31/08) os brasileiros se enfrentaram com os argentinos que haviam feito o 3º melhor tempo. Talvez pela tensão pelo atraso na chegada dos equipamentos ou por todos não estarem com todo o equipamento disponível, o trio não conseguiu dar o melhor de si, e já na primeira volta estavam atrás dos argentinos, perdendo quase 1 segundo. Ao final dos 750 metros os argentinos registraram 45s531 contra 46s756 dos brasileiros. Como os argentinos venceram o confronto e tinham o 3º melhor tempo foram para a disputa pelo bronze contra os mexicanos.
O trio argentino formado por Leandro Botasso, Juan Pablo Serrano e Pablo Perruchoud (que esteve disputando o Meeting Internacional de Caieiras) fez 45s668 superando o trio de velocistas mexicanos – Alejandro Resendez, Saul Gutierrez e Edgard Verdugo com 46s074 e conquistando a medalha de bronze.
Na disputa pelo ouro um duelo entre os donos da casa – com Kwesi Browne, Njisane Phillip e Paul Nicholas e os fortes colombianos liderados pelo experiente Fabian Puerta que tem 3 ouros Panamericanos nessa prova e ainda o jovem Santiago Ramirez e Ruber Murillo ex-piloto do BMX que já faz alguns anos migrou para a pista.
O trio colombiano que já vem correndo junto faz algum tempo e tem o recorde continental, saiu atrás dos trinitinos. Na segunda volta os colombianos assumiram o comando para garantir mais um ouro com uma vantagem 0.543 centésimos de segundo sobre os donos da casa.
Com apenas 7 seleções participando da Velocidade por Equipes feminina, disputada em duplas em 500 metros a prova teve na final um confronto de seleções norte-americanas, com as estadunidenses Madlyn Godby e Mandy Marquandt superando as canadenses Stephanie Roorda e Amélia Walsh por 0,974s. Pelo bronze as venezuelanas venceram as chilenas por 0.653 centésimos
Jennifer Valente/USA – ouro no Scratch – foto: Dennis Taye Allen for @TTGameplan
Thayná Araújo e Wellyda dos Santos entraram na pista na quarta-feira à noite para correr o Scratch. A prova estava tomada por ciclistas experientes como Jenniffer Valente, as cubanas Marlies Mejias e Arlenis Sierra e a canadense Allison Beveridge que dominaram a competição. Na chegada Jennifer Valente se impôs no sprint reconquistando o título continental que já havia obtido em 2015 . Wellyda terminou na 12ª posição e Thayná não completou a prova.
Os velocistas brasileiros João Vitor da Silva e Flavio Cipriano entraram novamente na pista para disputar o primeiro confronto do Keirin, fase aonde apenas os dois melhores de cada bateria avançam na competição. No primeiro confronto João Vitor Santos foi relegado e advertido por condução perigosa na curva final na prova vencida pelo colombiano Fabian Puerta. João Vitor teria mais uma chance na repescagem, porém não conseguiu se encaixar no sprint vencido pelo guatemalteco Luis Cordon.
Sétimo ouro no Keirin Pan Americano para o colombiano Fabian Puerta. Desde 2011 ninguém supera o colombiano que sprintou à frente do canadense Barrete e do argentino Bottasso – foto: Rychar Lyder
Cipriano foi o segundo colocado na bateria que teve o venezuelano Hersony Canelon como vencedor, passando para a semi-final da competição. Na Semifinal, Cipriano cruzou na mesma bateria com o campeoníssimo Puerta, o colombiano dificilmente entrega uma vitória no Keirin, e não foi diferente, venceu a semi, com o argentino Hugo Botasso em segundo e o brasileiro Flavio Cipriano passando para a final com a terceira posição. Na outra chave de semifinalistas, os três melhores foram o canadense Hugo Barrete, o venezuelano Hersony Canelon e o trinitino Kwesi Browne.
Flavio Cipriano chegou à final da Keirin em Trinidad e Tobago terminando na 4ª posição – foto: Dennis Taye Allen for @TTGameplan
Mas, o Keirin nas Américas tem um dono desde 2011, e o colombiano Fabian Puerta conquistou em Trinidad Tobago seu sétimo título pan-americano consecutivo, mostrando para o mundo que o ciclismo colombiano vai muito além dos escaladores. Puerta mais uma vez foi mais consistente; após vencer as 2 baterias classificatórias, na final não deu chance à ação do canadense Hugo Barrete segundo colocado, e do argentino Bottaso que ficou com a medalha de bronze; o brasileiro Flavio Cipriano ficou com a quarta posição.
Também na quinta-feira aconteceram as tomadas de tempo da Velocidade feminina 200m. Nessa prova a brasileira Gabriela Yumi marcou o 10º tempo, registrando 12s010, passando para as oitavas de final. A melhor marca nessa fase foi da colombiana Martha Bayona com 11s096.
Na fase de oitavas de final, no confronto direto em apenas um match, Gabriela superou a canadense Amelia Walsh registrando 12s491 passando para as quartas de final.
Gabriela Yumi, não conseguiu avançar nas quartas e final, ao cruzar com a velocista mexicana Daniela Gaxiola (ouro em Santiago’2015 na velocidade por equipes e no keirin em Aguascalientes’2016 e participação em 4 mundiais e pista). Gaxiola superou a brasileira em dois matches e assim passou para a semifinal aonde encontrará sua compatriota e duas vezes campeã pan-americana dos 200m Jessica Salazar.
Oitavas de final Velocidade 200m , a brasileira Gabriela Yumi controla a canadense Amelia Walsh – Foto: Rychar Lyder
O quarteto canadense da perseguição saiu da fase classificatória com o melhor tempo nos 4000 metros, fazendo um registro quase 3 segundos melhor que os estadunidenses. Na fase semifinal, os canadenses Aidan Caves, Jay Lamoureux, Derek Gee e Simpson Bayley passaram por cima dos argentinos Tomas Contte, Mauro Agostini, Sebastian Trillini e Diego Valenzuela e com isso chegaram à final aonde se encontraram com o quarteto dos Estados Unidos. Como argentinos e chilenos tinham o melhor tempo na semifinal, passaram para a disputa pela medalha de bronze.
Na final do 4×4000 os estadunidenses tentaram colocar pressão sobre o quarteto canadense, rodando os primeiro quilômetro com a ínfima vantagem de 60 décimos de segundo. Em uma disputa apertada, os canadenses conseguiram se estacar com pouco mais de 2 segundos na passagem dos 3 km, daí em diante tomaram o domínio da prova e ao final a vantagem era superior a 4 segundos para garantir a medalha de ouro ao completar a prova em 4m02s378.
O argentino Hugo Velasquez ouro no Sractch – foto: Rychar Lyder
Para a prova de Scratch, o Brasil entrou na pista com os paranaenses Ricardo e Fabio Dalamaria. Como havia 41 ciclistas inscritos foi necessária a disputa de uma prova classificatória com os ciclistas divididos em dois grupos – um com 24 e outro com 17 ciclistas – e aonde os 12 melhores de cada bateria passariam à final. Fabio entrou no grupo com 17 ciclistas e não conseguiu a classificação por ter ficado na 14ª posição, Ricardo também não passou à final. Na disputa pelo ouro o argentino Hugo Velasquez levou o ouro ao superar no sprint ao colombiano Brayan Gomez e ao venezuelano Clever Martinez
Os Campeonatos Pan americanos de Ciclismo de Pista de Trinidad e Tobago, acontecem até domingo (03/08). Nesta sexta-feira (01/09) Velocidade Masc. (classificatória, oitavas de final, quartas de final); Omnium Feminino; e as finais da Perseguição Individual Masculino, Corrida por Pontos Masculino, Velocidade Feminina
Campeonatos Pan americanos de Pista Elite 2017
Trinidad e Tobago – Velódromo National Cycling Centre, Balmain
Scratch Feminino – 10 km – 40 voltas
Tempo de prova: 13m48s – velocidade média : 43.478 km/h
1 – Jenniffer Valente/Estados Unidos
2– Marlies Mejias/Cuba
3– Allison Beveridge/Canadá
12- Wellyda dos Santos/Brasil
Tahyná Araújo/Brasil – DNF
Velocidade por Equipes Fem. 500m – 2 voltas
1 – Estados Unidos – Madlyn Godby, Mandy Marquandt – 34s246
2 – Canadá – Stephanie Roorda, Amélia Walsh – 35s220
3 – Venezuela – Yolimar Pérez, Mariaesthela Vilera – 35s771
4- Chile – Daniela Coulef, Paula Molina – 36s424
Velocidade por Equipes 500m. Ouro para as estadunidenses Madlyn Godby e Mandy Marquandt – foto: Dennis Taye Allen for @TTGameplan
Velocidade por Equipes Masc. 750 m. – 3 voltas
1- Colômbia – Fabian Puerta, Santiago Ramirez, Ruber Murillo – 44s540
2- Trinidad e Tobago – Kwesi Browne, Njisane Phillip, Paul Nicholas – 445s083
3- Argentina – Leandro Botasso, Juan Pablo Serrano, Pablo Perruchoud 45s668
4- México – Alejandro Resendez, Saul Gutierrez, Edgard Verdugo – 46s074
7– Brasil – Hugo Osteti, Flavio Cipriano, Jõao Vitor da Silva
Perseguição por Equipes Masc. 4x4000m – 16 voltas
1- Canadá – Aidan Caves, Jay Lamoureux, Derek Gee e Simpson Bayley – 4m02s728 – vel. Média 59.411 km/h
2- Estados Unidos – Eric Young, Logan Owen, Danny Summerhill, Adrian Hegywary – 4m06s943
3- Chile – Elias Tello, Luis Sepulveda, Cristian Cornejo, Antonio Cabrera – 4m09s316
4- Argentina – Tomas Contte, Mauro Agostini, Sebastian Trillini , Diego Valenzuela – 4m11s311
Scratch Masculino – 15 km – 60 voltas
Tempo de prova: 17m31 – vel. Média 51.379 km/h
1 – Hugo Velazquez/Agentina
2- Brayan Gomez/Colombia
3- Clever Martinez/Venezuela
Keirin Final
1 – Fabian Puerta/Colômbia
2 – Hugo Barrete/Canadá
3- Leandro Bottasso/Argentina
4- Flavio Cipriano/Brasil