Um projeto que começou voltado para o ciclismo de competição voltado para a performance de ciclistas em descidas, curvas e frenagens foi levado para o dia-a-dia do cidadão comum e poderá revolucionar a mobilidade: a bicicleta auto-estabilizada. Com ela é possível fazer curvas mais rápido e de forma mais segura. O segredo está em um dispositivo eletrônico que corrige a posição da direção da bicicleta mantendo o veículo sempre estável
Um grupo de pesquisadores do Instituto de Engenharia do Esporte, da Universidade de Tecnologia de Delft, nos Países Baixos (Holanda) foram premiados na Sportinnovator XL de Eindhoven ao apresentarem um projeto inovador na tecnologia do estudo do ciclismo; desenvolvido em conjunto com a equipe Giant Alpecin e com a tradicional marca de bicicletas Gazelle (do Pon Group que detém ainda as marcas Cervélo , Derby Cycles e Santa Cruz). O estudo recebeu o nome de “Curvas mais rápidas e seguras com o bike-sensor”.
A equipe coordenada pelo Dr. Daan Bregman desenvolveu sensores que coletam informações sobre o comportamento do ciclista, , além de serem muito útieis para o estudo da estabilidade da bicicleta. Os dados coletados pelos pesquisadores sobre o controle e domínio da bicicleta podem contribuir, entre outras coisas para melhorar as técnicas de descidas dos ciclistas profissionais, um trabalho que nos remetem à ideia dos ganhos marginais que no final conduzem à vitória . Daí a importância da participação dos membros da equipe Giant-Alpecin no projeto.
“Curvas mais rápidas e seguras com o bike-sensor” se traduz no desenvolvimento de quatro kits de medição idênticos que podem ser instalados em qualquer bicicleta. Com os kits montados nas bicicletas é possível obter dados sobre ângulo de inclinação, velocidade e comportamento do ciclista em relação à direção e frenagem. Por meio de um aplicativo, técnicos e ciclistas recebem os dados coletados durante os testes e com isso é possível determinar táticas para a condução e o tempo de frenagem ideal e até como encarar uma descida.
“A maneira em que um ciclista controla sua bicicleta pode fazer a diferença entre ganhar ou perder, tanto durante um contra-relógio ou uma descida. A diferença entre uma boa e uma má descida pode ser superior a sete segundos por quilômetro” , comentou Teun van Erp, mestre em ciências do movimento e responsável pelo desenvolvimento cientifico da Giant-Alpecin. A equipe de ciclismo recentemente firmou um acordo de colaboração com a Universidade de Tecnologia de Delft.
Porém, o trabalho científico foi além do mundo esportivo. Com a constatação de que na Holanda houve um aumento de 30% na quantidade de acidentes com bicicletas, muitos deles como resultado da instabilidade na condução e particularmente com o uso de e-bikes (bicicletas elétricas) por pessoas idosas. Neste caso os pesquisadores se uniram ao Pon Bike Gruop, dono da marca de bicicletas Gazelle e estão trabalhando em uma bicicleta inteligente, auto-estabilizada que corrige o posicionamento da bicicleta sempre que o ciclista está prestes a cair.
O primeiro passo dos testes foi utilizar os sensores para analisar o comportamento dos idosos quando pedalam. Com as informações em mãos a equipe da TU Delft vem trabalhando no desenvolvimento de um modelo de bicicleta auto-estabilizado que possibilita que a bicicleta se mantenha sempre em na vertical e em posição pedalável. Para levar adiante a ideia foram desenvolvidos sensores e um pequeno motor elétrico que foi instalado na caixa de direção. O motor tem a função de ajustar a direção da bicicleta sempre que o ciclista esteja suscetível a uma situação de queda. O sistema baseado em algoritmos inteligentes consegue manter ciclista e bicicleta estáveis sempre que se atingir uma velocidade superior a 4 km/h e visa manter em segurança com o objetivo de minimizar quedas e garantir um estilo de vida ativo também para os idosos.
Apesar de tratarem de públicos completamente diferentes, tanto o estudo do bike-sensor para os profissionais como a bicicleta auto-estável baseiam-se na investigação cientifica sobre a estabilidade e o controle da bicicleta feitos no TU Delft. A inovação e a relevância para o esporte de elite e para a sociedade renderam à equipe um prêmio 30 mil euros, destinados à continuidade dos trabalhos de pesquisa.
Além do prêmio, o Instituto de Engenharia do Esporte de Delft foi elevado, pelo Ministério da Saúde, Bem-Estar e do Desporto da Holanda, à categoria de Centro Sportinnovator, um ponto de encontro, onde pesquisadores, empresários, governos e organizações desportivas colaboram no desenvolvimento de inovações rentáveis para o esporte, ao todo nos Países Baixos, são 12 centros de pesquisa. Um ótimo exemplo que traz resultados positivos que seja no desenvolvimento desportivo como no social.