A ciclista Flavia Oliveira confirma sua ótima temporada 2016, ao conquistar na França o 14º Tour Cicliste Féminin International de l’Ardèche. Com uma vitória na 4ª etapa e demonstrando muita regularidade ao longo dos 7 dias de disputa firma-se como o grande nome do ciclismo feminino da atualidade. Quem também marcou presença no pelotão foi Ana Polegatch, estagiando na equipe italiana Servetto-Footon que completou a prova na 59ª colocação
Mais uma vez foi na montanha e com sua grande combatividade que a pequena (1m52) grande ciclista brasileira, Flavia Oliveira trabalhou duro para conquistar a sua primeira volta da temporada: o Tour de l’Ardèche. Após o 2º lugar no Tour da Polônia e do excelente e histórico 7º lugar na prova de estrada dos Jogos Olímpicos, Flavia mais uma vez fez uma apresentação fantástica ao escalar o mítico Mont Ventoux na 3ª etapa para chegar na segunda colocação e vencendo a dura 4ª etapa com quatro prêmios de montanha, resultado que a lhe garantiu a camisa rosa de líder e a o prêmio de rainha da montanha desta dura volta feminina disputada na França.
O 14º Tour Cicliste Féminin International de l’Ardèche, que acabou nesta terça-feira (06/09) foi disputado por 116 ciclistas distribuídas em 20 equipes que percorreram os 623 km divididos em 7 etapas e com um desnível acumulado de 11.554 metros (coisa que espantaria muito marmanjo por aí) . Com um traçado desafiador com três etapas duras de montanha e com a escalada ao Mont Ventoux os organizadores fizeram a seleção na estrada, a dureza da competição se traduz nas 76 competidoras que completaram o percurso.
Flavia mostrou sua combatividade desde a primeira etapa quando chegou junto com o pelotão principal para o sprint disputado na barragem de Beauchastel, aonde a polonesa Katarzyna Pawloswska se impôs diante do grupo, a brasileira cruzou na 8ª posição.
A polonesa Pawloswska repetiria o resultado na segunda etapa, que apesar de ter três prêmios de montanha ao longo do percurso privilegiou a chegada no sprint em uma pequena subida, com isso ela assegurou a camisa de líder por mais um dia.
A escalada ao Mont Ventoux foi marcada por uma fuga da polonesa Ana Plichta que tentou atacar sozinha a montanha colocando uma vantagem superior a 7 minutos sobre o pelotão e sendo perseguida de forma mais dura por um grupo formado pela brasileira Flavia Oliveira, a francesa Edwige Pitel, a bielorussa Ksenia Tuhai, a japonesa Eri Yonamine e a forte austríaca Anna Kiesenhofer que a 10 km da chegada atacou com maior força, alcançou a polonesa e começou a trabalhar pela vitória da etapa, os trecho mais íngremes do Mont Ventoux contribuíram para quebrar o pelotão. Kiesenhofer praticamente escalou sozinha o Ventoux e colocou uma vantagem superior a 3 minutos sobre a brasileira Flavia Oliveira que de forma muito competente soube escalar a montanha e no momento certo se destacou do grupo para cruzar a meta em 2º lugar e com isso assumir a vice-liderança da competição.
Na quarta etapa, Flavia que no dia anterior teve condições de avaliar as adversárias mais fortes na montanha, ousou e resolveu atacar formando um grupo de escapadas com a francesa Pittel, a polonesa Pawlowska e a espanhola Garcia, em grupo atacaram o primeiro prêmio de montanha, Col du Sapet (1ª cat. 1.098 m) aonde a brasileira cruzou em primeiro. No segundo prêmio de montanha da jornada, o Col do Finiel (HC 1.541m) Flavia passa com uma vantagem superior a 3 minutos sobre o pelotão principal que vinha se fracionando em pequenos grupos.
Flavia continuou insistindo na tática dos ataques passando destacada do grupo de escapadas e do pelotão no terceiro premio de montanha, no Sommet du Guolet (2ª cat 1.452 m) com uma vantagem que superava 1m10 das perseguidoras e 5 minutos sobre o pelotão. A descida do Goulet foi feita de forma alucinante com velocidades que superaram os 80 km/h, adrenalina para poucas e com isso o pelotão se esticou todo para enfrentar a última subida para a Estação de Ski de Monte Lozère, aonde Flavia conquistou sua vitória de etapa, a camisa rosa de líder e também a classificação de montanha, afinal ela escalou as 4 montanhas da etapa na primeira posição.
A segunda-feira (05/09) reservava duas etapas, logo cedo a crono individual de 7,7 km. Para a ciclista brasileira o dia não começaria bem, momentos antes da largada o câmbio da sua bicicleta de contra-relógio começou a dar problemas, em cima da hora providenciaram a troca da bicicleta porém tratava-se de uma de tamanho maior, o que prejudicou o desempenho da brasileira, que perdeu alguns segundos, mas sem comprometer a sua liderança. À tarde a 6ª etapa, entre Puy St. Martin e Saulce sur Rône, foi disputada sob fortes ventos e pela marcação dura das adversárias diretas de Flavia, que cautelosamente soube pontuar nos três prêmios de montanha (2ª no Pas de Lauzun/1ª cat 505 m, 3ª no Col du Deves/cat.2 596m e 3ª no col de la Grande Limite/Cat1 703m) para defender a classificação de montanha, enquanto a canadense Alison Jackson atacou e em fuga solitária destacou-se do pelotão para vencer a etapa
A 7ª etapa começou de forma intensa com uma fuga de 11 ciclistas que pouco antes do primeiro premio de montanha do dia foi neutralizada. Mais uma vez Flavia correu mais uma vez marcada pelas adversárias diretas na classificação geral , mas isso não a impediu que defendesse a liderança da classificação de montanha atacando, e assim no primeiro premio de montanha do dia em Chalençon (1ª Cat 698m) ela é a primeira a cruzar, com a polonesa Plichta e a suíça Schweizer em sua roda. O segundo premio de montanha no Col du Moulin a Vent (2ªCat – 596m), a francesa Pitel leva a melhor, com Flavia logo atrás. Na terceira passagem de montanha no Col du Benas (1ª cat 793m) a suíça Doris Schweizer já dava sinais de força e de que estava na luta pela etapa, levou o premio e se posicionou no comando do grupo, Flavia mais uma vez repetiu o segundo lugar mesmo já tendo assegurada a classificação de montanha.
Schweizer decide atacar na descida e impõe um ritmo muito forte, forçando a ruptura do pelotão, com isso, em pouco mais de 20 km ela conseguiu abrir uma vantagem que superou os 2 minutos para vencer a etapa. Flavia que ficou com um grupo de 18 ciclistas cruzou a linha de chegada na 5ª posição conquistando um expressivo resultado para o seu currículo.
Além da classificação geral, Flavia Oliveira que é patrocinada pela Specializaded e correu o Tour de l’Ardèche pela equipe belga Lares Waowdeals, também venceu a classificação de montanha com uma vantagem de 40 pontos sobre a segunda colocada (Edwige Pitel). Na classificação combinada que toma a melhor posição levando em conta o tempo, resultados na montanha e spritns a francesa Edwige Pitel levou a melhor com 10 pontos, com o segundo lugar para a brasileira Flavia Oliveira com 11pontos, e terceiro a espanhola margarita Garcia com 22. Flavia ainda conseguiu o 3º lugar na classificação por pontos.
Também disputando o Tour de l’Ardèche, a paranaense Ana Polegatch em seu estágio na equipe italiana Servetto-Footon terminou a prova na 59ª colocação. Seu melhor desempenho foi na 4ª etapa – no mesmo dia em que Flavia vencia a etapa , Polegatch cruzou a linha de chegada na 46ª posição, e na etapa do Mont Ventoux foi a 57ª, destacando que seus melhores resultados vieram naquelas que eram consideradas as etapas mais duras da volta francesa, uma grande evolução para quem a pouco tempo das provas disputadas no Brasil e ainda está se encaixando no forte ritmo europeu.
Flavia mais uma vez está escrevendo seu nome no ciclismo brasileiro, e colocando com suas pedaladas o seu nome no cenário internacional, com consistência e um ótimo desempenho (levando-se sempre em conta que estamos falando de uma brasileira batendo guidão com muitas das melhores ciclistas do mundo) ao longo da atual temporada com o 21º na Strade Bianche; 33º no Alfredo Binda, 48º na Flèche Wallone – todas provas da Womens World Tour- o 3º lugar na Vuelta a Costa Rica, o bronze no Pan de Ciclismo, o 16º lugar na CG e a camisa de montanha no Tour de Feminin na Rep. Checa, o 2º lugar na CG, por pontos e na montanha no tour da Polônia, o 7º lugar olímpico (que para o Brasil é um pódio) e agora a camisa rosa no Tour de l’Ardèche. Até aqui são mais de 3300 quilômetros em 38 dias de competição em 2016.
Vale destacar que depois da sua saída da equipe belga Lensworld-Zanatta, ao final do tour de Feminin no mês de julho, Flavia passou a ser patrocinada pela Specialized e está correndo de uma maneira muito particular, levando seu material (bicicletas fornecidas pelo patrocinador pessoal) para as provas e conseguindo vaga em equipes que lhe cedem espaço para que ela possa mostrar suas qualidades – e isso ela tem feito com muita determinação e garra – quase sempre ela conhece suas companheiras de equipe dias antes da competição, o que não é fácil pois precisa ganhar confiança e entender como todas se comportam no pelotão para depois, poder traçar suas estratégias de competição até chegar nas montanhas, aonde a força e a técnica de escalada fazem a diferença e ela impõe todo o seu estilo: Flavia é a Pequena Notável do ciclismo brasileiro.
1ª Etapa La Voult>Beuchastel – Gran Prix CNR Sport Solidaire – 82,7 km
1- Katarzyna Pawloswska/Sel. Polônia 2h09m51 – vel. média 38.213 km/h
2- Alison Jackson/Sel. Internacional- Canadá – m.t.
3- Iris Sachet/DN 17 Poitou Charentes- França – m.t.
8- Flávia Oliveira/Lares Waowdeals – Brasil – m.t.
80- Ana Polegatch/Servetto-Footon – Brasil – m.t.
2ª Etapa Privas>Villeneuve de Berg – 128,4 km – vel. média 32.055 km/h
1- Katarzyna Pawloswska/Sel. Polônia – 4h00m20s
2- Magorzata Jasinska/Sel. Polônia – m.t.
3- Soraya Paladin/Top Girls Fassa Bortolo – Itália
13- Flávia Oliveira/Lares Waowdeals – Brasil – m.t.
82- Ana Polegatch/Servetto-Footon – Brasil – a 25m24s
3ª Etapa L’Isle-sur-la-Sorgue >Bedoin-Sommet Mont Ventoux – 94,9 km
1- Ana Kiesenhofer/Sel. Internacional – Áustria 3h40m58 – vel. média 25,769 km/h
2- Flávia Oliveira/Lares Waowdeals – Brasil – a 3m53s
3- Edwige Pitel/ DN 17 Poitou Charentes- França – a 4m01s
57- Ana Polegatch/Servetto-Footon – Brasil – a 25m10s
4ª Etapa Florac> Mont Lozère – Gran Priz Cévenol-Mont Lozère – 126,7 km
1- Flávia Oliveira/Lares Waowdeals – Brasil – 4h10m21s – vel. média 30.365 km/h
2- Edwige Pitel/ DN 17 Poitou Charentes- França – a 3m06
3- Margarita Garcia/Sel. Espanha – a 4m22s
46- Ana Polegatch/Servetto-Footon – Brasil – a 31m29s
5ª Etapa La Bégude de Mazenc>Charols – CRI 7,7 km
1- Edwige Pitel/ DN 17 Poitou Charentes- França – 12m43s11 – vel. média 36.330 km/h
2- Lara Vieceli/Inpa Biachi – Itália – s 2s
3- Katrine Aalerud/Sel. Noruega – a 15 s
26- Flávia Oliveira/Lares Waowdeals – Brasil – a 59s
77- Ana Polegatch/Servetto-Footon – Brasil – a 2m27s
6ª Etapa Puy St. Martin>Saulce sur Rône 87,4 km
1- Alison Jackson/ Sel. Internacional- Canadá – 2h38m02s vel. média 33.183 km/h
2- Séverine Eraud/Poitou Charentes-Futuroscope 86 – França – a 1m17s
3- Soraya Paladin/Top Girls Fassa Bortolo – Itália – a 1m19s
13- Flávia Oliveira/Lares Waowdeals – Brasil – a 1m19s
67 – Ana Polegatch/Servetto-Footon – Brasil – a 6m48s
7ª Etapa Saint Sauveur de Montagut>Cruas 95,2 km
1- Doris Schweizer/ Suíça – 2h50m57s – vel. média 33.413 km/h
2- Alison Jackson/ Sel. Internacional- Canadá – a 2m01s
3- Séverine Eraud/ Poitou Charentes-Futuroscope 86 – a 2m01
5- Flávia Oliveira/Lares Waowdeals – Brasil – a 2m01s
73- Ana Polegatch/Servetto-Footon – Brasil – a 31m34s
Classificação geral final – após 7 etapas – 623 km
1- Flávia Oliveira/Lares Waowdeals – Brasil – 19h51m24s
2- Ana Kiesenhofer/Sel. Internacional – Áustria +2m12s
3- Edwige Pitel/ DN 17 Poitou Charentes- França +2m15s
59- Ana Polegatch/Servetto-Footon – Brasil +1h55m20s
Classificação por Pontos
1- Edwige Pitel/ DN 17 Poitou Charentes- França – 38 pontos
2- Alison Jackson/ Sel. Internacional- Canadá – 36 pontos
3- Flávia Oliveira/Lares Waowdeals – Brasil – 34 pontos
Classificação de Montanha
1- Flávia Oliveira/Lares Waowdeals – Brasil – 89 pontos
2- Edwige Pitel/ DN 17 Poitou Charentes- França – 49 pontos
3- Anna Plichta/Sel. Polônia – 39 pontos
Classificação Sprinters
1- Alison Jackson/ Sel. Internacional- Canadá – 50 pontos
2- – Lara Vieceli/Inpa Biachi – Itália – 31 pontos
3- Silvia Valsecchi/BePink Itália – 16 pontos
Melhor Jovem: Ksenia Tuhai/BePink – Bieolorussia
Muito estranho essa forma de patrocínio desta atleta, ouvi dizer que ela foi ” forçada ” pela CBC a se retirar da equipe belga antes dos jogais olimpicos p correr com equipamentos do atual patrocínio, ficando sem equipe p o segundo semestre. Isso procedi?
é preciso checar a informação, eu também recebi esse comentário de que ela teria sido forçada pela CBC, mas o que provavelmente ela tenha conseguido é uma melhor negociação junto ao fornecedor de bicicletas, o ciclismo feminino paga mal, e nas voltas há sempre espaço em equipes mistas, talvez ela tenha conseguido algo que lhe traz melhores benefícios
Caro Daniel, não há participação da CBC nessa mudança da Flavia. A ciclista optou por trocar seu fornecedor pessoal de bicicletas.