Aumento dos público espectador pela televisão, a internet tornando-se nova ferramenta dos canais de televisão, os meios de comunicação e as mídias sociais. Os números gerados pela comunicação no Tour de France 2015
O ciclismo não é feito apenas de ciclistas, estradas, bicicletas e uma caravana. O esporte é hoje um negócio que gera “ruído” , gera informação, reverbera por todo o mundo e tudo isso gera negócios, gera faturamento e tudo isso pode ser transformado em informação útil: tanto para as equipes, mas principalmente para os organizadores e para os meios de comunicação que procuram lucrar com as suas coberturas.
A vitória de Chris Froome no Tour de France nos apresenta novos números, a menos de uma semana da conclusão da volta francesa começaram a surgir dados sobre a 102ª edição. Um dos estudos que ganhou certo destaque foi produzido pelo instituto de monitoramento de mídias e marketing Kantar Media apresentando os números da repercussão e da valorização econômica produzida pela conquista de Froome – não só dele, mas como por toda a competição – nos meios impressos e na internet.
Nos meios franceses o maillot jaune queniano gerou 4.251 noticias com um valor econômico estimado em 24,5 milhões de euros e 405,1 milhões de impactos de audiência, logo depois aparece o italiano Vincezo Nibali com um retorno estimado em 12,4 milhões de Euros e o Ivan Basso com 518.656 euros.
Até mesmo na Itália os números de Froome foram maiores que os do Squalo di Messina, com 795 impactos com um valor publicitário de 3,5 milhoes de euros, Nibali gerou 757 notícias e 3 milhões de euros; o espanhol Alberto contador gerou 65 repercussões e 235.522 euros de retorno, depois aparece Ivan Basso gerando 54 notícias e 99.238 euros de retorno.
Grande parte desse estudo esta dedicado ao mercado espanhol e por lá aparecem maiores detalhes do impacto das mídias sociais nas transmissões da tevê que oferecia dois canais – TVE e Teledeporte. Segundo a Kantar Twiter TV Rantings os 28 programas sobre o Tour geraram 368.327 comentários, fazendo uma média de 13.155 tweets por transmissão e uns 65 tweets por minuto.
A vigésima etapa disputada no sábado, Modane Valfréjus-Alpe d’Huez, gerou 49.537 comentários, gerados por 18.006 autores diferentes. A penúltima etapa foi também a que gerou maior audiência social do Tour de France com 661.456 pessoas lendo os tweets que geraram o fabuloso número de 8.142.310 de curtidas.
O momento denominado “minuto de Ouro” aconteceu quando Chris Froome concluía a etapa na Champs Élisées e conquistava seu segundo Tour aonde foram gerados 1.099 tweets – em apenas 60 segundos.
Quando o assunto são os jornais, Froome gerou uma cobertura com 1.805 notícias , 792 milhões impactos de audiência, estimando um valor econômico de 9,6 milhões de Euros, apenas no mercado espanhol. Mas é bom deixar claro que há muita venda casada com grandes corporações oferecendo sinal de tevê, notícias e conteúdo na internet, o que isso quer dizer que o dinheiro muitas vezes fica em mãos de alguns poucos.
O estudo da Kantar Media analisa a repercussão e a valorização gerada na imprensa e na internet e este último veículo saí à frente em divulgação. Os meios online geraram 1.117 noticias com um retorno de 5,6 milhões de euros e os veículos impressos publicaram 688 matérias com uma valorização de 3,9 milhões de euros.
O estudo da Kantar Media revela a tendência e as possibilidades para que as marcas patrocinadoras do TDF na hora de decidir seus investimentos publicitários teriam que desembolsar para obter a mesma cobertura da mídia. Para se mais claro: quanto custaria para a equipe “x” aquela matéria em um jornal, numa rádio ou nos sites.
Na televisão o 102º Tour de France bateu recordes, só a rede de canais pagos Eurosport com as transmissão ao vivo teve um crescimento de 11% em todo o continente europeu, e em um mercado considerado de primeira importância, como é a Itália, o crescimento foi de +39% em relação ao números de 2014.
O maior crescimento da Eurosport aconteceu na Itália, caracterizando esta edição como a mais assistida apesar do quente verão europeu e com boa parte do público deslocando-se para as praias ou para casas de montanha o número da audiência supera os 2,3 milhões de televisores ligados durante o Tour. A audiência média durante as transmissões ao vivo foi de 104 mil telespectadores ou um share de 0,9% otimizado para o publico masculino (1,7%), um incremento de 39% com relação ao ano passado.
A 20ª etapa foi a mais assistida – e isso aconteceu em praticamente todos os mercados – com uma média de 224 mil espectadores (1,6% de share) com um pico de 458 mil aparelhos sintonizados às 16 horas (11 horas do Brasil) durante os primeiros quilômetros de montanha nos Alpes franceses. Nesse dia a Eurosport classificou-se na 8ª colocação entre os canais tidos como dirigidos ao público masculino e o primeiro lugar dos canais pagos.
Na estatal italiana RAI que transmite com sinal aberto e também disponibilizando seu sinal na internet o crescimento da audiência foi diário, para a penúltima etapa foi registrada uma audiência de média de 10,03 dos televisores italianos, ou 1.282 milhões e na chegada esse número saltou para 16,48% ou 1.927.000. Na longa transmissão da etapa final mais de 2 milhões de telespectadores , ou 20% de share , acompanharam os momentos finais. Na França os números também foram muito bons, as redes France2 e France3 que transmitiram o evento tiveram uma média de 4 milhões de espectadores e quase atingiram o recorde de 2011.
No Feriado da Queda da Bastilha, uma jornada de descanso para muitos tivemos 5,3 milhões de franceses seguindo a prova pela tevê. A última etapa, foi assistida por 4,5 milhões de pessoas no horário das 15:40 às 20h. A final garantiu à France 2 para ter uma audiência de 32,8%. Durante as tardes a France2 foi líder em audiência com 20%, e nas jornadas em que ciclistas franceses se destacaram os números sempre subiram, como por exemplo, no sábado, 25 de julho quando 5,8 milhões de espectadores acompanharam a única vitória de etapa do francês Thibaut Pinot. Da mesma forma aconteceram picos de audiência em 11 de julho com a vitória de Alexis Vuillermoz , e em 23 de julho e na bela vitória de Romain Bradet.
Os números franceses podem ser traduzidos no aumento da audiência em 100 mil pessoas em relação à edição de 2014. E a rede France3 que revezou com a Frace2 a transmissão ganhou muitos espectadores chegando a 2,5 milhões e 22,4% do público, contra 2,4 milhões e 21,1% do ano passado.
É na França aonde aparecem números mais claros sobre o crescimento do Tour na internet.. Segundo o diretor de esportes da France Télévisions, dos canais France2 e France3, Daniel Bilalian, o Tour está sendo levado a uma mudança para o mundo digital “para não ser descartado pelo pelotão”. Após a primeira etapa em Utretcht, em 4 de julho as visitas ao site da France TV Sport tiveram um crescimento de 39% em relação ao mesmo período de 2014, totalizando 5,6 milhões de visitas, e ainda não foram contabilizados os números das duas etapas finais.
“Com as novas funções e novos usos dos meios digitais a publicidade na internet saltou para 15% do faturamento neste ano”, comenta um dos gerentes de publicidade da France Télévision, ou 15% dos 4 milhões de euros da receita liquida total, incluindo comerciais de tv, patrocínios e publicidade na internet.
“Na France TV Sport , você pode fazer sua própria programação, escolhendo as câmeras ao vivo que você quer e você também tem acesso a estatísticas , muito apreciadas pelas jovens audiências. Assim, a arte digital nos encoraja a diversificar o evento “, continua Daniel Bilalian.
Avaliando o twitter, segundo a medição do « Médiamétrie Twitter TV Ratings » o Tour de France foi classificado como o programa de tv mais seguido na rede social na semana de 13 a 19 de julho, ficando a frente de um clássico como Harry Porrer ou o desfilhe de 14 de Julho.
Porém nem tudo é uma maravilha no mundo digital, quando questionado se é possível tornar o evento rentável, ou seja, ganhar dinheiro, Daniel Bilalian é taxativo: “Impossível” os custos envolvidos são muito elevados em relação à receita. No entanto, com a cobertura digital do Tour de France vamos começar “rentabilizar a publicidade” na tela.
Com os Jogos Olímpicos de Londres’2012 e os jogos de inverno de Sochi’2014 foi feito um grande trabalho para adaptar a publicidade para as mídias digitais. Um exemplo são as faixas de propaganda (testeiras) ou as marcas que combinam seu conteúdo publicitário ao conteúdo informativo como nos resultados de uma corrida. Os preços podem variar de 30 mil a 500 mil euros brutos quando oferecidos como pacote integrando as mídias, diz um diretor de publicidade. E aqui fica claro que as grandes redes sempre saem à frente quando o assunto é internet ao disponibilizarem a opção de várias câmeras e novos gráficos quem acompanha o esporte e tem interesse adquire novos pacotes.
Apesar do crescimento das receitas na web, o motor principal do Tour de France continua sendo a televisão que muitas vezes é colocada estrategicamente no jardim ou em um lugar mais fresco da casa para reunir familiares e amigos para assistirem a etapa. As audiências são satisfatórias com uma média de 3,4 milhões de espectadores para o grupo France 2 e France 3 . Números que se mantém estáveis nos últimos anos, isso levando-se em conta que a França não forja um maillot jaune a 30 anos.
Entre os registros da edição 102 ª , a melhor audiência em termos de espectadores foi na escalada ao Alpe d’Huez, com 5,8 milhões de pessoas no canal France 2. Na sexta-feira 24 de julho foi uma grande jornada para os homens dos números a audiência subiu para 49,1% proporcionando um dos melhores desempenhos participação de mercado para um programa de esportes de todos os canais da rede francesa em 2015 – o ciclismo ultrapassou todas as modalidades – é a questão de um sentimento francês que está muito acima do esporte, o Tour de France é uma instituição nacional e vai muito além de uma competição; para o francês isso passa por conhecer a história e os lugares do seu pais, dando uma verdadeira volta à França.