Com um pelotão de mil ciclistas, maior prova de estrada do Sul do Brasil, disputada em Pomerode serviu como classificatoria para o Mundial de Gran Fondo da UCI de 2025. Na categoria Open, o destaque foi para os novos talentos Miguel Bessani e Maitê Vitória Coelho da Silva que venceram escapados do pelotão
A cidade mais alemã do Brasil recebeu no último domingo (10/11) a segunda edição da UCI Gran Fondo World Series Brazil, competição internacional que reuniu um pelotão de mil ciclistas vindos de oito países.
A prova é a única seletiva na América do Sul para o Campeonato Mundial de Gran Fondo e de Medio Fondo e classificou os 25% mais bem colocados de cada categoria para o Mundial que será realizado em outubro de 2025, na Austrália.
Com dois percuros no Vale Europeu, a Gran Fondo com 122km e 1.200 metros de altimetria acumulada e a Medio Fondo com 80km e 600 metros de altimetria total, é a mair prova de ciclismo de estrada do Sul do Brasil
Com largada e chegada do centro de Pomerode, o percurso levava os ciclistas por estrada pelos municípios de Jaraguá do Sul, Timbó e Rio dos Cedros, retornando à cidade mais alemã do Brasil.
Os ciclistas foram divididos por faixas etárias de cinco em cinco anos, que largaram a partir das 7 horas em intervalos de um minuto.
O curitibano Luan Carlos Rodrigues da Silva, de Curitiba. Luan, de 21 anos, foi o primeiro a cruzar a linha de chegada da Gran Fondo. O ciclista da equipe paulista ERT-Indaiatuba, completou o percurso em 2h57min06s, superando no sprint ao paulista Luís Henrique Flauzino (Seguralta-Rio Preto Ciclismo).
“A sensação de vencer aqui é inexplicável. Essa corrida foi um show. Tentei andar na frente o tempo todo e com 60km saltei com o Flauzino que andou comigo na frente. É difícil termos uma prova dessas no Brasil e, apesar de ser uma prova voltada a ciclistas não profissionais, a UCI Gran Fondo World Series Brazil de Pomerode foi mais difícil do que muitas outras provas do calendário nacional”, declarou o vencedor.
Na Gran Fondo feminina, a vitória foi da catarinense Bruna Lima (FMD Rio do Sul-Royal Ciclo-Bike Connect), completando o percurso em 3h26min49s.
“Ano passado eu corri sozinha e fui vice-campeã. Este ano vim com outras duas companheiras de equipe e andamos juntas o tempo todo. Somos montanheiras e conhecemos bem a região. Este ano não consegui correr o Mundial na Dinamarca, mas ano que vem irei para a Austrália”, contou a ciclista de 37 anos que é médica especialista em medicina do esporte.
Na fuga e com larga vantagem: ao estilo Pogacar
A categoria Open, incluída este ano no progama do evento, mostrou que uma nova geração de ciclistas está surgindo com força no ciclismo nacional.
O paranaense de Cascavel, Miguel Bessani (Oggi Bikes-Bike House), de 17 anos, foi o mais rápido na Medio Fondo e venceu escapado com mais de cinco minutos de vantagem sobre o segundo colocado cobrindo o percurso em 1h54min24s.
“Eu passei seis meses na Europa este ano correndo pela equipe espanhola Bonillo. Hoje eu ataquei com 8km de prova e fui sozinho até o final. Fiz igual ao Pogacar”, contou o campeão geral da Open que não disfarçou a alegria com um enorme sorriso estampado no rosto.
Na prova feminina, a jovem catarinense Maitê Vitória Coelho da Silva, de 16 anos, não deu chance às adversárias e liderou a prova do início ao fim com grande desenvoltura. Maitê, da ERT-Indaiatuba e atual campeã brasileira de crono e estrada da categoria Juvenil, completou a prova em 2h02min03s.
Estou me preparando para os Jogos Abertos de Santa Catarina e vim para me testar e pegar ritmo de prova. Eu abri vantagem logo na primeira serra e mantive o ritmo até o fim”, contou a vencedora que no ano que vem vai correr na Europa por uma equipe francesa.
Maior e melhor
Em relação à edição anterior, o evento cresceu, neste ano foram 100 staffs distribuídos ao longo do percurso que atuaram na sinalização e orientação dos ciclistas. A corrida contou com 30 motociclistas batedores da própria organização e outros 12 batedores da Polícia Militar Rodoviária Estadual, além de três ambulâncias e duas motocicletas de socorro rápido dos Bombeiros.
No percurso os participantes contaram com quatro pontos de hidratação e apoio mecânico. Na arena de largada, outras 80 pessoas completaram a equipe da organização.
Na arena, uma feira de expositores com as melhores marcas do mercado foi mais um atrativo do fim de semana em Pomerode. Além disso, o ponto alto para todo o público da cidade foi o show da banda Dazaranha, de Florianópolis.
Mundial de Gran Fondo como objetivo
Antes da inclusão da prova brasileira no calendário mundial da UCI Gran Fondo World Series, brasileiros que desejassem disputar o campeonato mundial de Gran Fondo ou Medio Fondo teriam que buscar a classificação no Exterior.
Um exemplo disso é o catarinense Almir Antonio Krein, da categoria 55-59 anos, que em 2015 precisou viajar para a Áustria para tentar a classificação para o Mundial da modalidade, realizado na Eslovênia.
Krein conquistou a vaga para o mundial na Áustria e garantiu a vaga no Mundial com a 14 ª colocação em uma prova que reuniu ciclistas de 55 países.
“Eu estava bem na corrida. Andei escapado com outros três ciclistas, mas fui superado no sprint final. Ano passado tive problemas de saúde e não pude vir a Pomerode para me classificar. Este ano fiz uma prova cautelosa e, se classificar, vou sim para o Mundial na Austrália”, contou o ciclista que terminou a prova de Pomerode na 10 ª colocação.
A seletiva em Pomerode atraiu vários estrangeiros, como o francês Thierry Barbier, de 63 anos, que aproveitou a viagem a Buenos Aires para disputar a Medio Fondo no Brasil e buscar a classificação para 2025.
“Gosto muito do Brasil. Eu já havia visitado este país anos atrás. Achei que a prova tem boa organização e o povo brasileiro é muito receptivo e amigável”, disse o ciclista que reside em Paris e terminou na 13 ª colocação em sua categoria.
Outro ciclista que veio de longe foi o californiano Evan Damershek, de 62 anos, que visita o Brasil pela segunda vez. A primeira foi anos atrás para disputar o Ironman de Florianópolis. Damershek conta que optou pela Medio Fondo em Pomerode pela característica do percurso que tem altimetria amigável.
“O percurso em Pomerode me favorece, já que não tem muita subida”, contou o ciclista que reside em Laguna Beach e tem como objetivo disputar o Mundial de Gran Fondo no ano que vem na Austrália.
O argentino Federico Miguel Gonzalez tem 41 anos e já disputou algumas provas de longa distância no Brasil. O ciclista que reside em Buenos Aires já correu em Bento Gonçalves (RS) e em Conservatória (RJ).
“Gosto muito do Brasil e das provas que realizam aqui. Tenho muitos amigos no País e convites para correr em outros lugares. Aqui em Pomerode é uma oportunidade de classificação”, disse o ciclista que terminou na 49ª colocação.
Para o idealizador e organizador do evento Juliano Salvadori, a prova foi mais uma vez um sucesso.
“Tivemos praticamente o mesmo número de competidores do ano passado, mas conseguimos oferecer uma estrutura ainda maior. Tivemos inscritos de todas as regiões do Brasil e de países da América do Sul e do Norte e também da Europa. Entregamos uma prova de alto nível e vamos trabalhar para que a prova de 2025 seja ainda melhor”, declarou Salvadori.
O Diretor Técnico, o ciclista André Gohr também celebrou o sucesso do evento deste domingo em Pomerode.“A prova foi muito boa. Conseguimos melhorar vários pontos em relação ao ano passado. O percurso ficou ainda melhor e acredito que somos uma das melhores provas de estrada do Brasil. Conseguimos viabilizar uma equipe enorme de staffs e batedores de motociclistas que fez com que a prova se desenrolasse sem nenhuma surpresa, sempre com o apoio da Polícia Militar Rodoviária de SC. Trouxemos as principais marcas do mercado para Pomerode para engrandecer o evento e estamos muito felizes com o resultado. Já estamos trabalhando no evento de 2025 para entregar um evento ainda melhor”, declarou Gohr.
E já possível se programar pois a terceira edição da UCI Gran Fondo World Series Brazil em Pomerode/SC, confirmada no calendário da UCI 2025 para o dia 9 de novembro.
UCI Gran Fondo World Series Brazil
Gran Fondo Masculina
15-18 anos – Luiz Fernando Bonfim de Almeida – Emthos
19-34 anos – Luan Carlos Rodrigues Silva – ERT-Indaiatuba
35-39 anos – Michel Amador – Escalera.cc
40-44 anos – Márcio Ferreira Bigai – Famiglia Squadra Pro Cycling
45-49 anos – Marcelo Moser – Riders-Scott-SME Blumenau-Ártico-Furbo
50-54 anos – Roberto Leite Rodrigues Jr – RR Cycling
55-59 anos – Evaldo Ferrari – Ferrari Assessorias
Gran Fondo Feminina
15-18 anos – Maria Luiza Vargas Duwe – Soul Cycles-Valmor Haussmann
19-34 anos – Paula Pfeifer Santanna – FMD Rio do Sul-RoyalCiclo-Bike Connect
35-39 anos – Bruna Strube Lima – FMD Rio do Sul-Royal Ciclo-Bike Connect
40-44 anos – Luciane da Cruz Rocha – ERT-Indaiatuba
45-49 anos – Vanessa Flores Carpes – RR Cycling
Medio Fondo Masculina
15-59 anos – Miguel Bessani – Oggi Bikes-Bike House (Open)
60-64 anos – Alexandre Alvares – RR Cycling
65-69 anos – Leslie Dhaese – Bike Brothers-Curitiba
70-74 anos – Ivo Nunes – Sec. Municipal de Esportes Rolândia
75-79 anos – Jesus Augusto dos Santos Borges – Avulso
Medio Fondo Feminina
15-49 anos – Maitê Vitória Coelho da Silva – ERT-Indaiatuba (Open)
50-54 anos – Silvia Ribeiro Nardi Sanches – Wilier Triestina
55-59 anos – Andrea Ferrandini – Evolua Multisports
60-64 anos – Rosane Mussi da Silva Marques – Agille