Mundiais de MTB chegam ao fim com as disputas do XCO da Elite e Sub23. Dobradinha neerlandesa na Elite feminina em Pal Arinsal. A jovem Puck Pieterse vai ao ataque, despacha o pelotão e conquista o mundial, atrás sua compatriota Anne Terpstra cresceu ao longo da prova e ficou com o vice-campeonato. Alan Hatherly superou o duelo com Koretzky e se torna o primeiro sul-africano a conquistar a camisa arco-íris do XCO. Na sub23 feminina deu a favorita Isabella Holmgren, e o francês Luca Martin levou o ouro entre os homens
As finais do Cross Country Olímpico no domingo começaram sob a ameaça de uma forte tempestade e com risco de raios – uma mudança climática que levou os organizadores a realizarem uma alteração na programação no dia anterior levando à redução da prova da Sub23 masculina, de 6 para 5 voltas e fazendo a largada simultânea das garotas da Sub23 e da Elite Feminina com a classificação feita em separado, além disso a prova da elite feminina passaria de 6 para 5 voltas. Para a Elite Masculina a redução de 1 volta – passando para 6 voltas em vez das 7 programadas. Apesar da preocupação, por sorte a tempestade não chegou, e apenas uma chuva leve caiu em alguns momentos da prova da Sub23 masculina, além de temperaturas um pouco mais frias que nos dias anteriores.
De largada a prova da Sub23 masculina tinha como favoritos os estadunidenses Riley Amos e Bjorn Riley; a dupla vem dominando ao logo da temporada as provas da Copa do Mundo e que na sexta-feira já haviam feito a dobradinha na prova de XCC.
Porém, a vontade de fazer frente à dupla e arriscar era grande, principalmente o suíço Dario Lillo que em sua última temporada na categoria queria ir além da vitória de etapa da Copa do Mundo em Lenzerheide e do 3º lugar no mundial de Glasgow no ano passado e para isso, desde a largada atacou com determinação desde a largada, em um esforço que buscava romper com o pelotão.
A ação do suíço surtiu efeito, a dupla estadunidense perdia terreno e uma pequena lacuna começava a se abrir para o pelotão, só o francês Luca Martin e o dinamarquês Tobias Lilellund tiveram pernas para dar resposta.
Na segunda volta o trio formado por Lillo, Martin e Lilellund abria uma margem de 30 segundos sobre o pelotão, o único que tentava dar combate aos escapados era Riley Amos que encabeçava o grupo, porém o sonho de pódio do estadunidense acabou na quarta volta, quando sofreu um furo que tirou qualquer possibilidade de seguir à perseguição; o dinamarquês Lilellund também perdia contato, deixando a disputa para o suíço e o francês.
A última volta mal começou e o francês, aproveitou que a prova seria mais curta que o programado para atacar com determinação e ganhar terreno. Ao final foram 21 segundos de vantagem sobre Lillo e 52 segundos sobre Lillelund.
PIETERSE CONTRA TODAS NO XCO
A prova feminina reuniu em um único pelotão a Elite e a Sub23 – mas em cada categoria havia interesses diferentes. Na Elite, entre a despedida de Pauline Ferrand-Prévot e a força da líder da Copa do Mundo, Alessandra Keller, a jovem e desafiadora Puck Pieterse, as estadunidenses Haley Batten e Savilia Blunk e a britânica Evie Richards era possíveis candidatas ao pódio.
A neerlandesa Puck Pieterse, de 22 anos e que já há algumas temporadas optou por deixar a sub23 para correr na Elite, rompeu com qualquer possibilidade das adversárias ao sair desde a largada em busca da ponta e impondo seu ritmo e abrindo caminho pelas trilhas o que rompeu com o pelotão e já na primeira volta sua vantagem sobre a segunda colocada, a sul-africana Candice Lill era de 9 segundos e de 22 segundos para a estadunidense Savilia Blunk.
Lill tentou acompanhar Pieterse por três voltas, mas começou a sentir o esforço perdendo a posição para Anne Terpstra que vinha crescendo na prova e se firmava na segunda posição a 4 segundos da líder.
Na última volta Pieterse dá sua última arrancada, evitando qualquer aproximação de sua compatriota Terpstra que se firmava na segunda posição com 20 segundos de vantagem sobre a sul-africana que acusava cansaço. Lill perdia o terceiro lugar para a italiana Martina Berta que cresceu nas voltas finais.
Em um circuito difícil, muito físico e marcado pela altitude, as brasileiras não tiveram um desempenho significativo, Karen Olímpio terminou na 48ª posição em um pelotão de 62 ciclistas, e Hercília Najara em 57º ficando no corte a duas voltas do grupo de 51 competidoras que terminaram na volta da vencedora.
No mesmo pelotão, a Sub23 , canadense Isabella Holmgren largou como favorita, e mostrou sua força, e após uma primeira volta atrás da francesa Olivia Onesti partiu para sua prova solo para conquistar a camisa arco-íris, e fechar o final de semana perfeito com o título no circuito curto – XCC – e no cross country olímpico com um detalhe ela terminou a apenas 1m31s da vencedora na Elite, Puck Pieterse que a colocaria na 5ª posição na Elite chegando à frente de ciclistas renomadas como Loana Lecomnte, Evie Richards, Laura Stigger e da supercampeã Pauline Ferrand-Prévot.
A exemplo do que aconteceu no XCC, as canadenses também colocaram duas ciclistas no pódio – além de Isabella, Emily Johnston ficou com a medalha de bronze.
HATHERLY O PRIMEIRO SUL-AFRICANO CAMPEÃO MUNDIAL DO XCO
Os homens da Elite foram os últimos a entrar no circuito de 4 km de Pal Arinsal – o favoritismo para alguns era do britânico Tom Pidcock que buscaba revalidar seu título de campeão mundial e chegava com o peso de mais uma medalha de ouro olímpica no peito conquistada na França, mas Paris não tem a altitude de Andorra e isso faria a diferença ao longo das 6 voltas.
Desta vez o alemão Luca Schwartzbauer que não havia conseguido encaixar seu estilo explosivo na largada no circuito curto, foi efetivo e arrancou pela pista comandando e enfileirando o pelotão.
Na segunda volta, foi a vez do vencedor do short track na sexta-feira, o francês Vitor Koretzky assumir a ponta e iniciar mais uma vez uma tentativa de repetir o feito. Pidcock como já aconteceu em mais de uma prova, perdia o grupo de ponteiros e pouco a pouco depois tentava retornar à disputa.
Charlie Aldridge força o ritmo e em companhia do sul-africano Alan Hatherly e de Koretzky aumentam o ritmo e começam a abrir vantagem sobre o grupo. Na quarta volta Hatherly lidera com Koretzky em segundo, acompanhando a sua movimentação. Um pouco mais atrás, Pidcock buscava contato com a dupla, trazendo em sua roda seu compatriota Aldridge.
A dupla britânica bem que tentou, mas o ritmo dos ponteiros era bem mais elevado pois não queriam ser surpreendidos e trabalham quase em conjunto para abrir mais a diferença, deixando a definição para a última volta.
Kortezky busca aproveitar a subida mais dura do circuito para atacar, mas a resposta de Hatherly chegou pouco antes do final da escalada com um ataque que o lançou à frente, assim o sul-africano aproveitou o restante da última volta para aumentar o ritmo e ampliar a vantagem que chegou a 22 segundos, ao final, sobre Koretzky. Pidckok foi o terceiro, cruzando a 39 segundos.
No traçado de altitude e exigente, o melhor brasileiro foi Gustavo Xavier, que terminou na 43ª posição; Cocuzzi foi o 50º e o atual campeão brasileiro Ulan Galinski cruzou em 52º em um dia que se sentiu com o corpo vazio e sem forças desde o início da prova.
Hatherly é outro dos tantos mountain bikers que fizeram de Andorra sua residência e vibrou muito com a realização de seu sonho de vestir a camisa arco-íris, além disso é o primeiro sul-africano a conquistar um mundial na elite do XCO, pois no downhill Greg Minnaar conquistou 4 mundiais. “Tinha muita pressão sobre os ombros, em parte é uma corrida em casa para mim, afinal moro aqui durante boa parte da temporada. Sabia que tinha opções para buscar a vitória, mas vencer de verdade é algo incrível. Estou muito orgulhoso do meu resultado, do meu pais e da minha equipe. Tenho vontade de levar a camisa arco-íris esta temporada, e especialmente a próxima. É um sonho realizado. Sonhei com isto desde os 8 anos e torna-lo realidade… estou sem palavras”, declarou o novo campeão mundial da Elite.
Campeonatos Mundiais de Mountain Bike Pal Arinsal |Andorra
XCO – Cross Country Olímpico – Pista de 1 km
Sub23 Masculina – 81 competidores de 31 países – 5 voltas = 20 km
🥇- Luca Martin – 🇫🇷 – 59m48s – vel. média 20.067 Km/h
🥈- Dario Lilo – 🇨🇭 +21s
🥉 – Tobias Lillelund – 🇩🇰+52s
27- Alex Malacarne – 🇧🇷 +4m27s
60- Eiki Leôncio – 🇧🇷 +8m56s
Sub23 Feminina – 48 competidoras de 23 países – 5 voltas = 20 km
🥇- Isabela Holmgren – 🇨🇦 1h11m12s – vel. média 16.854 Km/h
🥈- Olivia Onesti – 🇫🇷 +1m17s
🥉- Emily Johnston – 🇨🇦 +2m31s
Elite Feminina – 62 competidoras de 28 países – 5 voltas = 20 km
🥇- Puck Pieterse – 🇳🇱 1h09m41s – vel. média 17.221 Km/h
🥈 – Anne Terpstra – 🇳🇱 +59s
🥉 – Martina Berta – 🇮🇹 +1m19s
48- Karen Olímpio – 🇧🇷 +10m28s
57- Hercília Najara – 🇧🇷 -2voltas
Elite Masculina – 76 competidores de 34 países – 6 voltas = 24 km
🥇- Alan Hatherly – 🇿🇦 – 1h09m51s – vel. média 20.616 Km/h
🥈- Victor Koretzky – 🇫🇷 +22s
🥉- Thomas Pidcock – 🇬🇧 +39s
43- Gustavo Xavier – 🇧🇷 +7m03s
50- Luiz Henrique Cocuzzi – 🇧🇷 +8m48s
52- Ulan Galinski – 🇧🇷 +9m16s