PUCK PIETERSE E HATHERLY CAMPEÕES MUNDIAS DE XCO EM ANDORRA

Mundiais de MTB chegam ao fim com as disputas do XCO da Elite e Sub23. Dobradinha neerlandesa na Elite feminina em Pal Arinsal. A jovem Puck Pieterse vai ao ataque, despacha o pelotão e conquista o mundial, atrás sua compatriota Anne Terpstra cresceu ao longo da prova e ficou com o vice-campeonato. Alan Hatherly superou o duelo com Koretzky e se torna o primeiro sul-africano a conquistar a camisa arco-íris do XCO. Na sub23 feminina deu a favorita Isabella Holmgren, e o francês Luca Martin levou o ouro entre os homens

Puck Pieterse e Alan Hatherly campeões de XCO de 2024 – foto: UCI

As finais do Cross Country Olímpico no domingo começaram sob a ameaça de uma forte tempestade e com risco de raios – uma mudança climática que levou os organizadores a realizarem uma alteração na programação no dia anterior levando à redução da prova da Sub23 masculina, de 6 para 5 voltas e fazendo a largada simultânea das garotas da Sub23 e da Elite Feminina com a classificação feita em separado, além disso a prova da elite feminina passaria de 6 para 5 voltas. Para a Elite Masculina a redução de 1 volta – passando para 6 voltas em vez das 7 programadas. Apesar da preocupação, por sorte a tempestade não chegou, e apenas uma chuva leve caiu em alguns momentos da prova da Sub23 masculina, além de temperaturas um pouco mais frias que nos dias anteriores.

Largada da sub23 – no meio com o nº5 Alex Malacarne – foto: Leticia Coura

De largada a prova da Sub23 masculina tinha como favoritos os estadunidenses Riley Amos e Bjorn Riley; a dupla vem dominando ao logo da temporada as provas da Copa do Mundo e que na sexta-feira já haviam feito a dobradinha na prova de XCC.

Porém, a vontade de fazer frente à dupla e arriscar era grande, principalmente o suíço Dario Lillo que em sua última temporada na categoria queria ir além da vitória de etapa da Copa do Mundo em Lenzerheide e do 3º lugar no mundial de Glasgow no ano passado e para isso, desde a largada atacou com determinação desde a largada, em um esforço que buscava romper com o pelotão.

A ação do suíço surtiu efeito, a dupla estadunidense perdia terreno e uma pequena lacuna começava a se abrir para o pelotão, só o francês Luca Martin e o dinamarquês Tobias Lilellund tiveram pernas para dar resposta.

Luca Martin – campeão da Sub23 – foto: UCI

Na segunda volta o trio formado por Lillo, Martin e Lilellund abria uma margem de 30 segundos sobre o pelotão, o único que tentava dar combate aos escapados era Riley Amos que encabeçava o grupo, porém o sonho de pódio do estadunidense acabou na quarta volta, quando sofreu um furo que tirou qualquer possibilidade de seguir à perseguição; o dinamarquês Lilellund também perdia contato, deixando a disputa para o suíço e o francês.

A última volta mal começou e o francês, aproveitou que a prova seria mais curta que o programado para atacar com determinação e ganhar terreno. Ao final foram 21 segundos de vantagem sobre Lillo e 52 segundos sobre Lillelund.

PIETERSE CONTRA TODAS NO XCO

A prova feminina reuniu em um único pelotão a Elite e a Sub23 – mas em cada categoria havia interesses diferentes.  Na Elite, entre a despedida de Pauline Ferrand-Prévot e a força da líder da Copa do Mundo, Alessandra Keller, a jovem e desafiadora Puck Pieterse, as estadunidenses Haley Batten e Savilia Blunk e a britânica Evie Richards era possíveis candidatas ao pódio.

Pieterse foi para a frente do pelotão desde a largada – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

A neerlandesa Puck Pieterse, de 22 anos e que já há algumas temporadas optou por deixar a sub23 para correr na Elite, rompeu com qualquer possibilidade das adversárias ao sair desde a largada em busca da ponta e impondo seu ritmo e abrindo caminho pelas trilhas o que rompeu com o pelotão e já na primeira volta sua vantagem sobre a segunda colocada, a sul-africana Candice Lill era de 9 segundos e de 22 segundos para a estadunidense Savilia Blunk.

Lill tentou acompanhar Pieterse por três voltas, mas começou a sentir o esforço perdendo a posição para Anne Terpstra que vinha crescendo na prova e se firmava na segunda posição a 4 segundos da líder.

Aos 22 anos e correndo na Elite, Puck Pieterse conquista o título do XCO que ela perseguia desde a sub23 quando foi prata em 2022 – agora o ouro na categoria principal – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Na última volta Pieterse dá sua última arrancada, evitando qualquer aproximação de sua compatriota Terpstra que se firmava na segunda posição com 20 segundos de vantagem sobre a sul-africana que acusava cansaço. Lill perdia o terceiro lugar para a italiana Martina Berta que cresceu nas voltas finais.

Em um circuito difícil, muito físico e marcado pela altitude, as brasileiras não tiveram um desempenho significativo, Karen Olímpio terminou na 48ª posição em um pelotão de 62 ciclistas, e Hercília Najara em 57º ficando no corte a duas voltas do grupo de 51 competidoras que terminaram na volta da vencedora.  

No mesmo pelotão, a Sub23 , canadense Isabella Holmgren largou como favorita, e mostrou sua força, e após uma primeira volta atrás da francesa Olivia Onesti partiu para sua prova solo para conquistar a camisa arco-íris, e fechar o final de semana perfeito com o título no circuito curto – XCC – e no cross country olímpico com um detalhe ela terminou a apenas 1m31s da vencedora na Elite, Puck Pieterse que a colocaria na 5ª posição na Elite chegando à frente de ciclistas renomadas como Loana Lecomnte,  Evie Richards, Laura Stigger e da supercampeã Pauline Ferrand-Prévot.

Isabella Holmgren em final de semana perfeito ao vencer no XCC e no XCO com supremacia – foto: UCI

A exemplo do que aconteceu no XCC, as canadenses também colocaram duas ciclistas no pódio – além de Isabella, Emily Johnston ficou com a medalha de bronze.

HATHERLY O PRIMEIRO SUL-AFRICANO CAMPEÃO MUNDIAL DO XCO

Os homens da Elite foram os últimos a entrar no circuito de 4 km de Pal Arinsal – o favoritismo para alguns era do britânico Tom Pidcock que buscaba revalidar seu título de campeão mundial e chegava com o peso de mais uma medalha de ouro olímpica no peito conquistada na França, mas Paris não tem a altitude de Andorra e isso faria a diferença ao longo das 6 voltas.

Koretzky dá ritmo à prova, seguido por Aldridge e Hatherly – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Desta vez o alemão Luca Schwartzbauer que não havia conseguido encaixar seu estilo explosivo na largada no circuito curto, foi efetivo e arrancou pela pista comandando e enfileirando o pelotão.

Na segunda volta, foi a vez do vencedor do short track na sexta-feira, o francês Vitor Koretzky assumir a ponta e iniciar mais uma vez uma tentativa de repetir o feito.  Pidcock como já aconteceu em mais de uma prova, perdia o grupo de ponteiros e pouco a pouco depois tentava retornar à disputa.

Charlie Aldridge força o ritmo e em companhia do sul-africano Alan Hatherly e de Koretzky aumentam o ritmo e começam a abrir vantagem sobre o grupo. Na quarta volta Hatherly lidera com Koretzky em segundo, acompanhando a sua movimentação. Um pouco mais atrás, Pidcock buscava contato com a dupla, trazendo em sua roda seu compatriota Aldridge.

Mano a Mano: Koretzky e Hatherly em desafio pela camisa arco-íris – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

A dupla britânica bem que tentou, mas o ritmo dos ponteiros era bem mais elevado pois não queriam ser surpreendidos e trabalham quase em conjunto para abrir mais a diferença, deixando a definição para a última volta.

Kortezky busca aproveitar a subida mais dura do circuito para atacar, mas a resposta de Hatherly chegou pouco antes do final da escalada com um ataque que o lançou à frente, assim o sul-africano aproveitou o restante da última volta para aumentar o ritmo e ampliar a vantagem que chegou a 22 segundos, ao final, sobre Koretzky.  Pidckok foi o terceiro,  cruzando a 39 segundos.

No traçado de altitude e exigente, o melhor brasileiro foi Gustavo Xavier, que terminou na 43ª posição; Cocuzzi foi o 50º e o atual campeão brasileiro Ulan Galinski cruzou em 52º em um dia que se sentiu com o corpo vazio e sem forças desde o início da prova.

Depois de Minnaar fazer história no DH, agora é a vez de Hatherly dar um título mundial à África do Sul – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Hatherly é outro dos tantos mountain bikers que fizeram de Andorra sua residência e vibrou muito com a realização de seu sonho de vestir a camisa arco-íris, além disso é o primeiro sul-africano a conquistar um mundial na elite do XCO, pois no downhill Greg Minnaar conquistou 4 mundiais. “Tinha muita pressão sobre os ombros, em parte é uma corrida em casa para mim, afinal moro aqui durante boa parte da temporada. Sabia que tinha opções para buscar a vitória, mas vencer de verdade é algo incrível. Estou muito orgulhoso do meu resultado, do meu pais e da minha equipe. Tenho vontade de levar a camisa arco-íris esta temporada, e especialmente a próxima. É um sonho realizado. Sonhei com isto desde os 8 anos e torna-lo realidade… estou sem palavras”, declarou o novo campeão mundial da Elite.

Campeonatos Mundiais de Mountain Bike Pal Arinsal |Andorra

XCO – Cross Country Olímpico  – Pista de 1 km

Sub23 Masculina – 81 competidores de 31 países – 5 voltas = 20 km

🥇- Luca Martin – 🇫🇷 – 59m48s – vel. média 20.067 Km/h

🥈- Dario Lilo – 🇨🇭 +21s

🥉 – Tobias Lillelund – 🇩🇰+52s

27- Alex Malacarne – 🇧🇷 +4m27s

60- Eiki Leôncio – 🇧🇷 +8m56s

Sub23 Feminina – 48 competidoras de 23 países – 5 voltas = 20 km

🥇- Isabela Holmgren – 🇨🇦 1h11m12s – vel. média 16.854 Km/h

🥈- Olivia Onesti – 🇫🇷 +1m17s

🥉- Emily Johnston – 🇨🇦 +2m31s

Elite Feminina  – 62 competidoras de 28 países – 5 voltas = 20 km

🥇- Puck Pieterse – 🇳🇱 1h09m41s – vel. média 17.221 Km/h

🥈 – Anne Terpstra – 🇳🇱 +59s

🥉 – Martina Berta – 🇮🇹 +1m19s

48- Karen Olímpio – 🇧🇷 +10m28s

57- Hercília Najara – 🇧🇷  -2voltas

Elite Masculina – 76 competidores de 34 países – 6 voltas = 24 km

🥇- Alan Hatherly – 🇿🇦 – 1h09m51s – vel. média 20.616 Km/h

🥈- Victor Koretzky – 🇫🇷 +22s

🥉- Thomas Pidcock – 🇬🇧 +39s

43- Gustavo Xavier – 🇧🇷 +7m03s

50- Luiz Henrique Cocuzzi – 🇧🇷 +8m48s

52- Ulan Galinski – 🇧🇷 +9m16s

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