Francisco Chamorro e Luciene Ferreira superaram seus oponentes no sprint e entram para um seleto grupo de ciclistas, que na história da 9 de Julho, subiram por mais de uma vez ao lugar mais alto do pódio da tradicional clássica do ciclismo brasileiro
A 72ª edição da mais tradicional das clássicas do ciclismo brasileiro, a 9 de Julho, criada em 1932 pelo jornalista Cásper Líbero em homenagem à Revolução Constitucionalista e com a primeira edição realizada um ano depois, em 1933 pelo jornal A Gazeta Esportiva, teve como grande vencedor o argentino, radicado no país, Francisco Chamorro que obteve a sua segunda vitória na competição
Durante as quatro voltas no circuito de 23,6 km em um total de 94,48 km , ações de ataque e contra ataque foram uma constante. Porém no quilômetro final a Funvic tomou a ponta e quem se destacou foi a dupla a formada por Flavio Cardoso e Chamorro.
Cardoso tomou a ponta do pelotão e lançou seu companheiro para o sprint final; Chamorro tomou a ponta quando faltavam pouco mais de 100 metros para a chegada e foi imbatível. Atrás chegaram Rafael Andriato e Rodrigo Araújo, ambos da São Francisco Saúde, que não conseguiram responder ao ataque do argentino, há quem tenha comentado no final da prova que talvez tivesse faltado um quê de transmissão, afinal ao que parece Araújo tinha montada em sua bicicleta uma coroa de 52 dentes, talvez com um 53 conseguisse um melhor desempenho.
A caminho do pódio, Chamorro mostrou-se muito emocionado e chorou muito, pois estava comovido com o acidente sofrido no dia anterior por um grande amigo de infância e seu filho, na Argentina, ambos encontram-se na UTI e o ciclista que tem uma forte ligação com o amigo e abalado emocionalmente, chegou a cogitar a não participação, Chamorro se superou e conseguiu a concentração necessária para executar o sprint.
Após a premiação, o argentino comentou sua vitória: “Muito aliviado após um excelente trabalho da equipe. Fomos protagonistas quase o tempo todo e, quando o domínio escapou, recuperamos a tempo. Moro no bairro, conheço bem o percurso e isso ajudou também. Fizemos o que devia ser feito”, declarou o ciclista, que ainda emocionado com a delicada situação do amigo hospitalizado, comentou: “Muito triste com isso, mas torcendo para que ambos saiam do coma”.
A prova feminina foi disputada em 47,2 km, duas voltas no circuito. Apesar de algumas tentativas de ataques, logo essas ações foram neutralizadas e a corrida mostrava-se claramente controlada pelas equipes da Funvic e da Memorial. Das ações das ciclistas dessas equipes sairia a provável vencedora.
As garotas da Memorial faltando pouco mais de 200 metros da chegada tomaram a ponta, na tentativa de controlar o pelotão que vinha para disputar o sprint. Faltando 100 metros pelo lado esquerdo da pista ataca saindo de trás Wellyda Regisleyne que ao perceber a ação, logo é acompanhada por Luciene Ferreira que arranca com muita força para cruzar na primeira posição. A teceria posição ficou com Ana Paula Polegatch, da Memorial que não conseguiu responder ao ataque das duas ciclistas.
Luciene vibrou com a conquista e ao descer do pódio comentou que já era hora de vencer nesse circuito, afinal desde que a competição foi levada para o circuito do Jockey Clube ela foi 2ª em 2016, 3ª em 2015 e 2017 . “Sempre dei na trave, já era hora de ganhar”, comentou a ciclista, sobre a prova comentou: “Procuramos correr na defensiva porque estávamos com número menor de atletas. Queríamos levar para o sprint e deu tudo certo”.
Com a terceira vitória na clássica do ciclismo brasileiro, entra para um grupo seleto de ciclistas aonde figuram Claudia Carceroni Santaigne, até o momento a única ciclistas com 4 vitórias (1991/92/2002/04) e com 3 vitorias Janildes Fernandes (1998/1999/2000), Debora Gerhard (2006/09/10). Como entre 2012 e 2014 a 9 de Julho não foi realizada, e sem seu lugar entrou o GP São Paulo de Ciclismo, disputado na mesma data, apesar de para muitos essas três provas serem a 9 de Julho, a Federação Paulista de Ciclismo e nem a Fundação Cásper Líbero, organizadora do evento, reconhecem os resultados obtidos nessas três edições para o histórico da prova, com isso a vitória obtida por Luciene em 2012 não pode ser computada como sua quarta vitória.
Na mesma situação se encontra o argentino Francisco Chamorro que tem em seu histórico a vitória da 9 de julho de 2010 e o primeiro lugar no GP São Paulo de Ciclismo de 2012. A vitória desta segunda-feira é a segunda do argentino na clássica paulista e com isso se coloca no histórico de ciclistas com duas vitórias competição junto a Joel Prado (2015/16), Nilceu Aparecido dos Santos (2004/2001); Valdir Lermen (1996/97); Gilson Alvaristo (1981/84); Miguel Duarte (1971/77); ao uruguaio Saúl Alcantara (1970/73); Claudio Rosa (1958/1961); ao português Antonio Barbosa Alves . Com três vitórias figuram José Magnani (1933/34/40); Rolando Montesi (1937/38/47); Ailton de Souza (1982/85/88) e Wanderley Magalhães o único tricampeão consecutivo (1989/90/91).
Elite Feminino
1- Luciene Ferreira da Silva/Funvic-SJ dos Campos – 1h14m07
2- Wellyda Regisleyne dos Santos – m.t.
3- Ana Paula Polegatch/Memorial-Santos-Fupes – m.t.
4- Daniela Lionço/ABEC Rio Claro m.t.
5- Taise Benato/Memorial Santos Fupes – m.t.
Elite Masculino
1- Francisco Chamorro/Funvic-SJdosCampos – 2h04m11
2- Rafael Andriato/São Francisco Saúde-Klabin-Ribeirão Preto – m.t.
3- Rodrigo Araújo de Melo/ São Francisco Saúde-Klabin-Ribeirão Preto –2h04m12
4- Emerson da Silva Santos/Tropif-UFF-Guratatinguetá – 2h04m12
5- Flavio Cardoso dos Santos/Funvic-SJdosCampos – 2h04m13